Será escolhido amanhã o novo presidente da Câmara dos Deputados, em pleito tão dividido quanto foi o anterior, refletindo de forma inequívoca o antagonismo da base aliada, à época, dividida entre os petistas Luiz Eduardo Greenhalgh e Virgílio Guimarães. Ganhou o pernambucano Severino Cavalcanti (PP), pouco depois afastado por corrupção, recaindo então a escolha sobre Aldo Rebelo (PCdoB-SP), atual presidente, que disputa a reeleição com Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Gustavo Fruet (PSDB-PR).
Dizem os especialistas na Casa e os próprios deputados convidados a revelar os votos na pesquisa feita pelo jornal O Estado de S. Paulo que o vitorioso será Arlindo Chinaglia, mas a decisão somente será confirmada no segundo turno. A candidatura alternativa de Fruet deu renhido equilíbrio às forças, havendo quem alimente a idéia que o deputado paranaense poderá surpreender, passando para o segundo turno, ao arrebatar o lugar de Rebelo.
Mais uma vez o governo exprime a precária influência exercida sobre a chamada base, que por seu turno também contribui para acentuar a nebulosidade de um cenário político que poderá se complicar em futuro próximo. Ganhando Chinaglia ou Rebelo, o certo é que a milícia governista na Câmara estará claramente marcada pela insatisfação nutrida pelo protagonismo hegemônico petista.
Sob esse enfoque, cresce a probabilidade de Fruet valer-se dos votos oposicionistas e, por extensão, reforçar o cabedal nos partidos nanicos, mesmo com a resistência do baixo clero, onde se situam os parlamentares imantados pela visão dos interesses pessoais em detrimento da ação coletiva em benefício da instituição.
No debate que a TV Câmara realizou na segunda-feira entre os três candidatos, o atual presidente chamou a atenção para os riscos da concentração de tanto poder nas mãos de um único partido, apontando aí velada ameaça para a democracia. A declaração foi recebida com certo estupor pelo Partido dos Trabalhadores, porquanto Aldo é antigo componente da base governista e em nenhum momento anterior deixara transparecer a preocupação latente.
Reflexões à parte, sua intervenção veio apenas ratificar algo que é de domínio público, aliás, por ser o presidente da Câmara o terceiro na linha sucessória e, com toda a justiça, uma das figuras mais importantes do cenário político.