A situação do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, é delicada, avaliam o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), e o senador Romeu Tuma (PFL-SP), que também integra a CPI. Alves e Tuma foram cautelosos, preferindo não tecer comentários sobre o futuro de Palocci na CPI. Até o momento, a oposição não apresentou nenhum pedindo um novo depoimento dele, e o relator da CPI dos Bingos e o senador do PFL de São Paulo preferem não falar agora em acareação nem quebra de sigilo das contas, depois da entrevista do caseiro Francelino Santos Costa, mais conhecido como "Nildo".
Apesar de ressaltar que a entrevista de "Nildo" reforça a versão apresentada à CPI pelo motorista Francisco das Chagas, Alves disse que ainda não há provas materiais contra Palocci. "Estamos apurando se o ministro, realmente, mentiu, mas não temos provas materiais e precisamos apurar mais para chegar à verdade", disse. "As denúncias vão se avolumando a cada dia, mas tem de ter certa cautela, desde que isso não signifique impunidade", continuou, levando em consideração também a importância do ministro da Fazenda no comando da economia. Alves negou a versão de que a comissão teria cancelado a reunião, prevista para hoje, por causa das denúncias do caseiro.
O relator da CPI recorreu à prudência também sobre se pedirá um novo testemunho de Palocci à comissão ou uma investigação ao Ministério Público (MP). "Tudo deve ser mais apurado para não haver precipitação", repetiu. Tuma concorda que a situação de Palocci ficou mais complicada depois da acusação de "Nildo". "A situação dele é delicada em termos de ordem pessoal; ele é desmentido; então, é preciso que se confronte as explicações dele", disse, evitando, no entanto, antecipar se solicitará uma acareação das testemunhas com o ministro. Sobre a situação de Palocci no cargo, Alves e o senador do PFL Tuma disseram que o eventual afastamento do ministro é um assunto que compete, exclusivamente, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.