A disseminação de aumentos de preços no setor de alimentação norteou o fim da deflação no Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1 – (IPC-C1), usado para apurar impacto de preços entre famílias com renda mensal entre 1 e 2,5 salários mínimos, e que avançou 0,33% em agosto, após ter caído 0,25% em julho.

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Segundo o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) André Braz as elevações de preços em agosto atingiram principalmente alimentos considerados de difícil substituição nas refeições das famílias de baixa renda. É o caso das elevações em arroz branco (3,14%); feijão carioca (1,8%); e bovinos (1,33%). Além disso, os aumentos de preço atingiram itens in natura, de grande peso na cesta básica, como frutas (8,51%). Braz alertou que o núcleo do IPC-C1 deu um salto de julho para agosto (de 0,15% para 0,46%).

Usado para mensurar tendências, o núcleo é calculado a partir da exclusão das principais quedas e mais significativas altas de preço no setor varejista. Esta aceleração na taxa do núcleo, na prática, comprova a disseminação em agosto de elevações de preços em todos os setores varejistas, não somente em alimentação. “Creio que o núcleo pode ficar operando a taxas de 0,30% a 0,40% nos próximos meses”, afirmou.

Para os próximos meses, as famílias de baixa renda não devem mais experimentar cenário de deflação. O mais provável é que o IPC-C1 volte a mostrar pequenas taxas positivas. Isso porque há uma expectativa de reajustes em preços administrados para os próximos meses, principalmente em telefonia fixa, que tem impacto expressivo no cálculo do indicador.

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Além disso, os preços dos alimentos podem continuar a mostrar um cenário mais “espalhado” de aumentos de preços. “Podemos esperar novas elevações no IPC-C1, mas não tão elevadas quanto as taxas do indicador nos últimos meses do ano passado”, disse, lembrando que, no segundo semestre de 2010, uma onda de elevações de preços nas commodities puxou para cima os preços dos alimentos no varejo, naquele período.