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O mercado atribui a alta do preço do álcool ao aumento da demanda, provocado pelas vendas de veículos bicombustíveis. |
Rio – O preço do álcool hidratado fechou o último mês de 2005 custando R$ 1,549 por litro, em média, nos postos brasileiros. O valor é 8,7% superior à média do primeiro mês do ano e 27,4% maior do que a mínima registrada no período, de R$ 1,215 por litro, em junho. Segundo a pesquisa de preços da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço do combustível disparou nas últimas semanas e vem puxando o preço da gasolina, que leva álcool anidro antes de ser vendida nos postos.
A alta do preço do álcool é atribuída pelo mercado ao crescimento da demanda, provocado pelas grandes vendas de veículos bicombustíveis. Em dezembro, o valor de venda do produto pelas usinas ultrapassou R$ 1 pela primeira vez desde o início de 2003, quando o governo convocou os usineiros para tentar forçar uma redução nos preços. Na ocasião, houve um acordo para que o valor de R$ 1 por litro fosse estabelecido como teto para o preço do combustível.
Segundo a pesquisa da ANP, apenas nas quatro semanas de dezembro o álcool anidro subiu 7,2%. Na última semana do ano, o produto estava cotado a R$ 1,604 por litro, valor maior do que a média mensal, o que confirma a curva de alta no preço do combustível durante o mês. O valor representa 65% do preço médio da gasolina no período, de R$ 2,464 por litro, razão próxima do limite em que o álcool começa a perder competitividade em relação ao concorrente.
É consenso no mercado que, por render menos quilômetros por litro, o preço do álcool deve se situar entre 60% e 70% do preço da gasolina para garantir economia ao consumidor. Depois disso, é mais vantajoso usar o combustível derivado do petróleo.
A gasolina, porém, também vem sentindo os efeitos da alta do álcool. Segundo a pesquisa da ANP, o combustível registrou alta de 0,6% entre a primeira e a última semana de dezembro, atingindo os R$ 2,464 por litro no final de 2005 – a média do mês foi de R$ 2,457 por litro. O valor é 8,3% superior à média registrada em janeiro e reflete, principalmente, o reajuste de 10% promovido pela Petrobrás em setembro.
Mas os preços devem subir ainda mais esta semana. De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de São Paulo (Sincopetro), José Alberto Paiva Gouvêa, os postos já começaram a receber, das distribuidoras, gasolina com valores entre R$ 0,03 e R$ 0,04 mais caros do que os vigentes no fim de 2005. A explicação das empresas é que estão repassando o aumento do preço do álcool anidro. "O consumidor, mais uma vez, vai ser prejudicado. Não temos como absorver esse aumento", reclamou o representante dos postos.