Dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deixaram claro, em seus últimos comentários, que pretendem elevar os juros nos Estados Unidos antes de começar a se desfazer de seu balanço patrimonial de US$ 4,5 trilhões em dinheiro e títulos.
Esta política, no entanto, pode contribuir para reduzir a diferença entre os rendimentos de títulos mais longos dos mais curtos. Ao elevar os juros de curto prazo e continuar reinvestindo o capital proveniente do vencimento dos títulos em seu portfólio, o Fed simultaneamente eleva o juro de curto prazo e mantém o de longo prazo pressionado.
Isto tem contribuído para a recente convergência dos rendimentos, um fenômeno conhecido como achatamento da curva. E isto pode causar problemas caso comece a desencorajar empréstimos.
Os mercados observam de perto a curva de juros, uma vez que ela sustenta o processo de criação de crédito do sistema financeiro. Os bancos tomam emprestado no curto prazo para conceder empréstimo com prazos mais longos. Caso a curva se achate, o incentivo para o empréstimo fica menor.
“O que eu tendo a me preocupar é que você não está elevando toda a curva com essa estratégia (do Fed), afirmou Tim Duy, economista da Universidade de Oregon.
Na semana passada, a diferença entre o yield da T-note de 10 anos para a de 2 anos caiu para 1,14 ponto porcentual, a menor desde novembro do ano passado, de acordo com a Ryan ALM.
“Eu diria que ter tanto um grande balanço para reinvestir, tudo o resto constante, achata a curva”, afirma Randall Kroszner, ex-diretor do Fed, agora economista da Universidade de Chicago. Por outro lado, ainda não se sabe o quão achatada ela vai ficar ao longo deste processo, acrescentou.
Em janeiro, a presidente Janet Yellen afirmou que o balanço do Fed “continua a pressionar consideravelmente os juros de longo prazo”. Este quadro pode começar a se desfazer junto com a redução do balanço, acrescentou, afirmando que o juro da T-note de 10 anos pode cresce 0,15 ponto porcentual ainda este ano por causa do movimento.
Se desfazer dessa enorme quantidade de ativos, amealhada ao longo dos últimos anos e de três programas de compras de ativos (QEs, na sigla em inglês), é território novo para o Fed, e as autoridades ainda não sabem exatamente como o movimento vai afetar o mercado.
Parte dos analistas, entre o presidente do escritório de St. Louis, James Bullard, acredita que reduzir o balanço ao mesmo tempo em que se eleva os juros é uma estratégia melhor.
Outros economistas estão menos preocupados.
“No momento, é provavelmente uma história temporária”, disse Joseph LaVorgna, economista-chefe do Deutsche Bank. “Caso o Fed continue a elevar os juros e ela continuar a se achatar, isso me preocuparia”. Fonte: Dow Jones Newswires.