Londres – É crescente a aposta dos mercados internacionais de que a alta dos preços das commodities deve continuar ajudando a manter o bom desempenho do balanço comercial de muitos países emergentes, como é o caso do Brasil. O jornal Financial Times, com base na avaliação de investidores, empresas mineradoras e analistas, afirma que o "boom" nas commodities, que já dura cinco anos, e que levou os preços de energia, metais e de alguns produtos agrícolas a altas recordes, deverá se estender ainda mais, ancorado no crescimento econômico global, na oferta limitada e nos crescentes fluxos de investimentos nesses setores.
Na semana passada, conforme informou a Agência Estado, um estudo do Deutsche Bank concluiu que os preços das commodities agrícolas estariam substancialmente subvalorizados e têm um bom potencial de alta. Os preços nominais de commodities como o cobre, zinco, suco de laranja e o açúcar refinado atingiram novas altas nominais recordes na semana passada. "Mas ao invés de sinalizarem que o mercado está atingindo seus picos, fundos hedge e alguns executivos de mineradoras acreditam que os preços ainda têm espaço para alta pois continuam ainda distantes de suas maiores altas de preços em termos reais", disse o diário financeiro. "Essa espiral altista está sendo alimentada pelo planejamentos conservadores de preços entre as empresas mineradoras que têm segurado investimentos em mineração, afirmam analistas e gerentes de fundos hedge."
No caso do cobre, os estoques mundiais declinaram porque, mesmo embora a demanda esteja superando a oferta, muitas mineradoras continuam céticas com a sustentabilidade dos preços atuais. Esse conservadorismo das mineradoras em aumentar sua produção está pressionando os preços.
Analistas observam também que os preços das commodities estão atraindo a atenção de fundos de pensão que procuram diversificar seus portfólios de ações e bônus. "Esse movimento sinaliza um interesse de maior prazo dos investidores no setor", diz o FT. "Por isso, alguns integrantes da indústria de commodities apostam que os preços estão fadados a uma reclassificação altista."
O estudo do Deutsche Bank afirma que o café tem um potencial de alta de 235%, o açúcar de 213%, o cacau de 189%, o milho de 130% o algodão de 115%, o trigo de 105% os grãos de soja de 87%. Michael Lewis, analista chefe do Deutsche para commodities, observou que os preços de todos os principais setores vêm registrado um forte reajuste ao longo desta década. "Altas recordes nos preços nominais já foram atingidas em partes dos setores de energia e de metais preciosos e industriais", afirmou "Ao longo dos últimos meses, os preços agrícolas começaram a esquentar." Isso, segundo Lewis, representa um forte contraste à performance dos últimos anos quando muitos preços das commodities agrícolas andaram de lado.
Em outubro do ano passado, o analista já havia apontado uma perspectiva de alta para os preços do milho e do trigo. "Desde então, ressaltamos também a possibilidade de problemas no abastecimento de grãos de soja e óleo vegetal emergindo da China nos próximos anos", disse.
