Em comício na Praça da Sé, o senador Aloizio Mercadante, candidato do PT ao governo de São Paulo, fez um discurso bastante exaltado, em que acusou as elites de conservadorismo, responsabilizou a direita pela baixaria nas eleições e questionou a gestão de José Serra (PSDB) à frente do Ministério da Saúde. Mercadante disse que não tem nada a esconder e acusou Serra de fugir da imprensa para não explicar sua gestão no Ministério da Saúde. "Quem ficou três dias trancado em casa porque não consegue explicar a sua administração no Ministério da Saúde é o meu adversário. Eu estou em praça pública todos os dias, falo com a imprensa todos os dias, ando de cabeça erguida e com toda a transparência. Enfrento todo e qualquer político e toda e qualquer questão que seja colocada", provocou. "Não vou recuar uma linha nas críticas que faço ao desastre que foram os 12 anos do PSDB no Estado de São Paulo.

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Mercadante disse não haver como suspeitar da participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no episódio do dossiê contra José Serra. "Como é que podem levantar suspeições sobre o presidente Lula, um homem que perdeu tantas eleições de cabeça erguida e de forma limpa, no momento em que ele vence a eleição em primeiro turno nessa nação?", questionou. "Essa coisa de dossiê, tentativa de atacar quem quer que seja, não faz parte de nossa cultura e da nossa tradição. Jamais nos pactuaremos, eu e Lula, com esse tipo de iniciativa.

"Fizeram isso (baixaria) com a gente em 1989. Baixaria sempre foi a direita que fez contra o Lula em todas as campanhas", disse, citando os ataques sofridos naquelas eleições. "Vocês lembram dos ataques do Collor no segundo turno, da forma como fomos tratados. Vocês lembram do seqüestro do Abílio Diniz, do clima que criaram para impedir nossa vitória em 1989. Nós perdemos a eleição, mas nunca perdemos a atitude e o compromisso com o povo, dos valores fundamentais da luta que sempre nos inspirou.

O senador acusou a elite de ser conservadora e antidemocrática. "Espero a possibilidade de mudar esse governo e caminhar junto ao Lula em direção a uma nova nação e um novo Estado. Mas a gente enfrenta uma elite que nunca teve compromisso verdadeiro com a democracia. Uma elite conservadora", disse.

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Ele voltou a dizer que os petistas envolvidos no esquema do dossiê serão investigados pela Polícia Federal. "Tudo será apurado e todos serão punidos", afirmou. "A diferença entre eu e meu adversário é que quero transparência e apuração, e ele não quer apurar a gestão do Ministério da Saúde e os indícios que pairam sobre sua gestão", cutucou. "Ele que se prepare para o segundo turno, porque ele pode ter mais espaço na mídia, pode ter a máquina do governo do Estado e do município, mas ele nunca vai ter essa militância que está aqui, carregando anos e anos de luta, dignidade e coragem. São vocês que nos dão força, que nos alimentam, nos motivam", finalizou, já com a voz rouca.