Alívio imediato

O governo mostrou-se pródigo com vários setores fundamentais da economia mediante a edição da chamada MP do Bem, introduzindo um momentâneo contraste com a catadupa de maldades de que é alvo desde a revelação das imagens exibindo o ex-diretor da ECT recebendo propina de pseudoempresários.

Trata-se de um alívio há muito aguardado pelos empresários na caudalosa torrente de impostos e tributos, na avaliação geral dos analistas o fator número um na diminuição do ritmo de produção e geração de novos empregos. Setores produtivos ligados à exportação, bens de capital e construção civil, entre outros, foram os maiores beneficiados.

A indústria da construção civil, paralisada há muitos anos pela ausência de linhas de incentivo, setor que detém reconhecida capacidade de empregar no curto prazo, será incentivada com a redução de 30% para 7% da tributação federal sobre investimentos imobiliários cuja contabilidade estiver dissociada das contas das construtoras.

O objetivo essencial da medida é propiciar a adoção de uma política de preços dos imóveis dentro da possibilidade financeira da população de classe média. O setor recebeu a notícia com entusiasmo, acreditando que até o final do ano a retomada das atividades já será percebida, embora a consolidação dos estímulos alcance a plenitude somente em 2006.

O governo abrirá mão de R$ 1,5 bilhão de tributos este ano e mais R$ 3,31 bilhões no ano que vem, e a desoneração prevista representa a compensação do dreno instalado na economia pelos juros altos, câmbio sobrevalorizado e a imensa carga tributária. É um bom começo, na avaliação do empresário Paulo Skaf, presidente da poderosa Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Ainda assim, observadores comentam que os benefícios fiscais serão apropriados por poucas empresas, em especial do agronegócio, já que são as únicas que destinam 80% da produção para o mercado externo. A vantagem é que tais empresas terão alíquota zero de PIS/Pasep e Cofins na aquisição e importação de máquinas e equipamentos.

Se no terreno político o governo vê recrudescer a carga de tormentos e é tangido a recompor sua abalada estrutura, as benesses econômicas são a forma imediata de buscar algum alento.

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