Pouco a pouco os produtos orgânicos vêm conquistando espaço no prato dos curitibanos consolidando a Região Metropolitana como um importante pólo produtor de legumes e verduras livres de agrotóxicos.
A Região de Curitiba responde, atualmente, por 40% das hortaliças orgânicas cultivadas no Estado e comercializa praticamente toda produção em lojas especializadas, restaurantes, supermercados e Feiras Verdes da capital.
A Coordenação de Agricultura Orgânica da Emater registrou em 2002/2003 uma safra de 1.950 toneladas produzidas por agricultores da Região Metropolitana de Curitiba. Somadas a outros produtos como soja, milho, feijão, trigo, frutas e plantas medicinais, o cultivo de alimentos sem aditivos sintéticos na região de Curitiba chegou a 3.852 toneladas na última safra.
"A Região acompanha na mesma proporção o crescimento da cultura orgânica no restante do Estado, que nos últimos sete anos foi de 1000%", afirma o engenheiro agrônomo e coordenador estadual da agricultura orgânica da Emater, Iniberto Wamerschmidt.
O cultivo de hortaliças marcou o início da agricultura orgânica no Paraná, que começou em 1982 com um pequeno grupo de agricultores no município de Agudos do Sul. Hoje, a Emater tem no cadastro 300 produtores na Região Metropolitana de Curitiba.
Pela característica familiar e de pequena propriedade, a organização do setor é fator preponderante tanto para a sobrevivência como para o sucesso da agricultura orgânica na Região Metropolitana. Através das associações, os produtores conseguem escoar a produção e obter assistência técnica e capacitação.
A Associação para o Desenvolvimento da Agroecologia do Paraná (Aopa) é um exemplo dessa organização. A Aopa surgiu no início da década de 90, quando oito agricultores deram os primeiros passos para formar a associação. Oficialmente, a Aopa foi fundada nem 1995 com 40 famílias. Hoje agrega 350 famílias de agricultores distribuídas na RMC, Litoral, Campos Gerais e Vale da Ribeira.
"Gerenciar produção e comercialização não é tarefa fácil para os agricultores, e a associação funciona, além de outras coisas, como uma ponte entre esses dois processos", explica um dos técnicos da Aopa, José Antonio Marfil.
Produção na Praça
Não são apenas números que comprovam o crescimento do consumo orgânico na capital paranaense. O interesse pelos produtos e os valores sócio-ambientais a eles agregados fez surgir em Curitiba, ainda em 2000, a Associação de Consumidores de Produtos Orgânicos do Paraná (Acopa), primeira do gênero no País.
Fundada por um grupo de 15 amigos, hoje a Acopa conta com 400 associados e até o final do ano abrirá um núcleo de consumidores orgânicos em Cascavel, município do Oeste do Estado. Segundo o presidente a Acopa, Moacir Roberto Darolt, o principal objetivo da entidade é aproximar e estreitar a relação entre produtor e consumidor.
Para ele, as feiras são pontos de comercialização ideais para acontecer essa inter-relação. "Nas feiras você estabelece um vínculo social e afetivo com o produtor e tem a oportunidade, por exemplo, de conhecer a pessoa que cultiva o seu alimento".
Darolt também defende a comercialização orgânica em feiras pelas vantagens econômicas tanto para o produtor como consumidor. "Nos supermercados o produto chega a custar o dobro do preço sem que isso seja repassado para o produtor. Já nas feiras a figura do atravessador é eliminada e conseqüentemente o preço cai", fala o presidente da Acopa.
Em Curitiba, a prefeitura é responsável atualmente pela organização de cinco feiras de produtos orgânicos, as chamadas Feiras Verdes. Nesses pontos, que atendem uma média 45 produtores, foram comercializados de janeiro a setembro deste ano 300 toneladas de produtos orgânicos.
O gerente de Mercado Produtor da Secretaria Municipal do Abastecimento, Carlos Koneski, conta que dois novos pontos estão sendo avaliados para criação de mais Feiras Verdes. "Vamos priorizar regiões que ainda não estão atendidas", adianta Koneski. Com as novas feiras a prefeitura conseguirá atender todos os produtores cadastrados na Secretaria Municipal do Abastecimento. Na mais recente feira orgânica, inaugurada há um mês próximo à praça do Expedicionário, foram comercializados, no primeiro dia, quatro mil quilos de produtos.
Pelos dados da Acopa, passa todas as semanas pelas feiras orgânicas de Curitiba uma média de 1.200 consumidores fiéis, fora os esporádicos. Metade só no Passeio Público, a mais tradicional. O presidente da Associação de Consumidores Orgânicos, Moacir Roberto Darolt, diz que algumas pesquisas demonstram atualmente uma procura de 30% superior ao que é oferecido pela produção orgânica.
No entanto, pela capacitação técnica dos agricultores e a própria demanda dos consumidores já é possível encontrar no mercado produtos diferentes dos tradicionais legumes e verduras – carnes, frutas, ovos, leite e até mesmo alimentos processados: iogurtes, geléias, queijos entre outros.
"Outra vantagem que as feiras têm em relação aos supermercados é a qualidade e garantia de um produto cultivado verdadeiramente dentro dos padrões que a agricultura orgânica requer", declara Darolt. Todos os expositores das Feiras Verdes têm a Certificação Participativa da Rede Ecovida.
Além das feiras, Curitiba também conta com lojas e restaurantes especializados em culinária orgânica. Para saber mais sobre o assunto basta acessar a página da Acopa: www.consumidororganico.hpg.com.br.