Alimentos in natura sobem e pressionam IGP-M de janeiro

A forte elevação nos preços dos alimentos in natura no atacado e principalmente no varejo levou à aceleração na taxa da primeira prévia do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que subiu 0 32% em janeiro, ante alta de 0,18% em igual período em dezembro. A análise é do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, que divulgou a prévia do índice de inflação hoje de manhã.

Segundo o economista, no atacado, os preços dos alimentos in natura subiram 2,86% na primeira prévia do IGP-M de janeiro, ante queda de 6,95% em igual prévia em dezembro. Esse cenário não foi suficiente para acelerar a taxa do IPA (Índice de Preços por Atacado), na passagem da primeira prévia de dezembro para igual prévia em janeiro, que desacelerou (de 0,23% para 0,22%).

Mas o mesmo não se deu no varejo: a taxa do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) subiu de 0,03% para 0,55%, pressionada principalmente pelo fim da deflação do grupo Alimentação (de -0 29% para 0,76%) – setor que contou como destaques as altas expressivas de preços em produtos in natura de peso, como hortaliças e legumes (de -2,48% para 3,32%) e frutas (de -1,53% para 0,73%). "O destaque absoluto dessa primeira prévia foi o setor de alimentos in natura, principalmente no IPC", considerou o economista.

De acordo com ele, houve uma elevação de preços generalizada nos preços dos hortifrutigranjeiros, devido aos problemas climáticos de fortes chuvas prejudicando a produção. Isso conduziu a uma menor oferta no setor, o que levou a uma elevação mais intensa nos preços. Quadros considerou que esse comportamento dos in natura é característico dessa época do ano, já conhecida pelas fortes chuvas. "Acho que realmente subiu muito a taxa, entre uma prévia e outra. Mas isso era coisa esperada", afirmou, para em seguida completar: "Essa alta da primeira prévia contém elementos próprios dessa época do ano", afirmou.

Matérias-primas

A queda nos preços das matérias-primas brutas no atacado (-0 24%) ajudou a segurar a alta na taxa da primeira prévia do IGP-M de janeiro. "Poderia ter subido mais, não fosse a queda de preços em matérias-primas brutas", avaliou Quadros.

Ele considerou que houve desacelerações e quedas de preços em commodities de forte peso na formação da inflação do atacado. Esses produtos estavam subindo fortemente até dezembro, quando começaram a registrar perda de força em suas elevações de preços. É o caso de soja em grão (de 4,42% para -1,65%); milho em grão (de 8,55% para 2%); e arroz em casca (de 5,10% para -6 08%).

O economista não descartou a continuidade nessas quedas e desacelerações de preços nas matérias-primas brutas ao longo de janeiro. Ele considerou que há boas perspectivas de safra e de produção nessas commodities, o que pode beneficiar a oferta dos itens e, por conseqüência, derrubar os preços. "Se não tiver choques (de preços), acho que as matérias-primas vão continuar a segurar o índice (o IGP-M)", afirmou.

Janeiro

O IGP-M fechado de janeiro deve vir acima do registrado em dezembro, quando subiu 0,32%, na avaliação do coordenador de Análises Econômicas da FGV. Ele fez a análise após a aceleração na taxa da primeira prévia do IGP-M de janeiro, que subiu 0,32% – mesma taxa do índice de dezembro, e acima do apurado em igual prévia em dezembro (0,18%).

Quadros considerou que a primeira prévia já mostrou forte aceleração de preços no varejo, devido à alta nos preços dos alimentos in natura. Porém, a primeira prévia contou com pequeno impacto dos aumentos nos preços das mensalidades escolares, realizados historicamente no primeiro mês do ano. Ou seja: o IPC indicador de varejo, deve subir ainda mais até o final deste mês.

Além disso, os preços do atacado também podem subir até o fim de janeiro, devido à perspectiva de continuidade na elevação de preços dos alimentos in natura – cuja alta não parece estar cedendo. Esse cenário já começou a afetar os preços dos bens finais, cuja deflação chegou ao fim (de -0,14% para 0,50%). "Isso (o comportamento dos in natura) pode ajudar a elevar mais os preços no setor", considerou.

Entretanto, o economista não acredita que a taxa do IGP-M possa disparar, e atingir o patamar de 1% em janeiro. "Não acho que chegue a esse nível", disse.

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