O Partido dos Trabalhadores vive uma quadra de intensa expectativa em face das acusações que pesam sobre alguns auxiliares menores, que tentaram comprar um dossiê para desmoralizar o ex-ministro José Serra. Na região sul, o dilema é de natureza eleitoral, pois o partido só tem chance de decidir a vaga de governador, no segundo turno, no Rio Grande do Sul. Segundo os números da última pesquisa Ibope, havia quase empate técnico entre o atual governador Germano Rigotto (PMDB) e o ex-governador Olívio Dutra.

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Em Santa Catarina, a disputa é entre o governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) e Esperidião Amin (PP), que já governou o estado em duas ocasiões e também cumpriu mandato no Senado. A situação está indefinida, mesmo com a vantagem de Luiz Henrique sobre Amin. Como o ex-ministro da Pesca, José Fritsch (PT), está em terceiro lugar, bastante distanciado dos líderes das pesquisas, o partido do presidente está alijado da disputa.

No Paraná ocorre o cenário mais desagradável para o PT, pois seu candidato ao governo, senador Flávio Arns, com desempenho inferior à média histórica do partido nas pesquisas, ainda sofre o desgaste de não contar com o apoio de grande parcela dos companheiros. Há muita gente preferindo postar-se ao lado do candidato à reeleição, o governador licenciado Roberto Requião, que tornou público o apoio à candidatura da petista Gleisi Hoffmann ao Senado.

A atitude do governador, apesar do aprofundamento das desavenças com a cúpula estadual do PT, incluindo o ministro Paulo Bernardo (marido de Gleisi), deu-se em função da impossibilidade de o tucano Hermas Brandão figurar como vice-governador na coligação com o PMDB, que por via das dúvidas não lançou senador. Bem que o partido tentou, depois, tirar da cartola um arremedo de solução com a patética exposição do ex-secretário Aldo Parzianello a um ridículo papel, quando todos sabiam da inviabilidade duma candidatura engendrada após o encerramento do prazo estipulado pela legislação.

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Por assim dizer, o senador Flávio Arns está sendo esnobado por setores influentes do partido, que defendem abertamente a candidatura de Requião em troca da adesão à ex-diretora de Itaipu, moldagem caprichosamente conduzida pelo diretor-geral brasileiro licenciado da binacional, Jorge Samek. Uma ação entre amigos. Na real, a intenção dos construtores da aliança tardia era ter o governador nos palanques de Lula, algo até agora inédito e de certa maneira improvável pela acidez das críticas desfechadas pelo governador ao presidente da República.

A eqüidistância do governador à reeleição de Lula tem sido, no entanto, sobejamente compensada por entusiásticos frentistas de sua própria campanha para permanecer no Palácio Iguaçu. Uma no prego, outra na ferradura.

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Como em política tudo é possível, a posição logística do PMDB é difusa, pois o presidente da executiva, deputado Dobrandino da Silva, mordido pela derrota do filho Samis na última disputa pela Prefeitura de Foz do Iguaçu – seu feudo eleitoral – declarou voto ao senador Alvaro Dias (PSDB), que busca mais um mandato.

Em nenhuma hipótese o prócer fronteiriço pedirá votos para Lula ou Gleisi, porquanto o fracasso de seu filho se deveu ao desembarque maciço dos petistas na candidatura de Paulo MacDonald (PDT). E no breviário de Dobrandino, para esse pecado, não há perdão.