Aliado de Lula, Aldo Rebelo critica duramente política econômica

O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), aliado do governo Lula, fez duras críticas hoje (20) à política econômica do País, defendendo a retomada do crescimento e comparando a estabilidade econômica, obtida pelo controle do câmbio e das taxas de juros, a uma "bóia de urtigas".

"Se o País não voltar a crescer, vai se encalacrar. Nós não podemos transformar a estabilidade numa bóia de urtigas. Temos que conservar a estabilidade, mas ela não pode ser a negação do crescimento da economia", afirmou Aldo para uma platéia de empresários do setor imobiliário, em São Paulo.

"Eu sei que o crescimento, por si, só não resolve todos os problemas", acrescentou o deputado. "Mas sem o crescimento não vamos resolver problema nenhum. Não há solução para nada, se o País não voltar a crescer."

Na sua avaliação, é natural que haja receio em relação à mudanças na atual política econômica. "Nós tivemos um processo traumático inflacionário, a sociedade adotou uma posição defensiva. Mas é como alguém que, com medo de algum problema, se nega a enfrentar a própria vida", disse. "Eu acho que nós não podemos, por causa desse receio, sacrificar as futuras gerações "

Para Aldo, as taxas de juros – um dos pilares da estabilidade – são incompatíveis com a atual situação do País. "Todo mundo sabe que o Brasil não tem motivos para manter a taxa de juros nesses patamares." O deputado acredita que a questão cambial também tem trazido efeitos danosos ao País.

Esforço

Ele defendeu a necessidade de um "esforço coletivo" para buscar a retomada do crescimento. "É preciso voltar a valorizar a idéia de que o crescimento não é uma ameaça a ninguém", argumentou. Questionado sobre o quê falta ao governo para fazer essas mudanças, Aldo evitou embates e disse que não é uma decisão unilateral. "Se fosse só um ato burocrático, o problema estava resolvido. Mas todos nós sabemos que é uma batalha de idéias, que envolve interesses, doutrinas e, em última instância, a vontade para fazer isso."

Além disso, argumentou que esse não é um assunto de embate entre oposição e situação, e sim de interesse nacional. Para ele, todos os candidatos deveriam deixar claro quais são suas intenções em relação a uma política de desenvolvimento para o País. "Eu preferia que todos os candidatos assumissem esse compromisso."

Questionado por que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, não promove essas mudanças, ele respondeu: "Eu acho que seria uma boa pergunta. E se ele nos respondesse, seria uma boa contribuição ao debate".

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