O juiz da 3ª Vara Criminal, Nivaldo Brunoni, condenou o ex-deputado e ex-prefeito de Curitiba, Algaci Tulio, à pena de 7 anos e 5 cinco meses de reclusão, e multa de 420 dias-multa (que equivale a 420 vezes 1/3 do salário mínimo vigente na época do fato), por envolvimento em crime de falsidade ideológica e gestão temerária, previstos, respectivamente, nos artigos 299 do Código Penal e 4º da Lei 7.492/86.
De acordo com a sentença, no ano de 1996, empresas que prestaram serviços de propaganda política ao então candidato a Prefeito de Curitiba, Cássio Taniguchi, realizaram empréstimos junto ao Banco Banestado, sem no entanto terem lastro financeiro para honrar o pagamento. Depois de sucessivas renovações dos empréstimos e concessões de novos valores, o montante da dívida chegou ao patamar de R$ 2.391,581,45. Na composição da dívida, deu-se um desconto direto de R$ 443.327,20. O restante (R$ 1.948,254,25) foi pago por meio de percentagem de um precatório, recebido pelo valor de face quando no mercado o título era comercializado com desconto de 65%. Assim, teria sido pago, do total da dívida, apenas R$ 681.888,90.
Ocorre que na composição da dívida foi ainda autorizada a liberação de mais R$ 670.000,00 à empresa Documenta Produções Cinematográficas Ltda. De acordo com a sentença proferida pelo juiz, "por meio de um estratagema assaz ardiloso, a dívida simplesmente foi zerada".
Consta da sentença que as empresas envolvidas (AT Computação Gráfica Ltda, Documenta Produções Cinematográficas Ltda e Estúdios Unidos Comunicação e Marketing S/C Ltda) pertenciam ao ex-deputado Algaci Tulio e ao seu filho Marcelo Tulio e que a liberação dos valores teria sido facilitada pelo Diretor do Banestado Arlei Mario Pinto de Lara, sobrinho de Algaci.
Foram, ainda, condenados os Diretores do Banco Banestado Alaor Alvim Pereira, Aldo de Almeida Junior, Alfredo Sadi Prestes, Arlei Mario Pinto De Lara, Elio Poletto Panato, Emerson Luiz Droppa, Nilton Hirt Mariano, Oswaldo Rodrigues Batata e Sérgio Eloi Druszcz. Também foram condenados por participação no crime Maria de Lourdes Rufalco, Ismário Bezerra Junior e Marco Antonio Valverde.
Em entrevista a uma rádio da capital paranaense, o ex-coordenador do Procon/PR disse que ficou surpreso, e que não há motivos para essa decisão. Algaci, uma das personalidades políticas mais fluentes do estado – já foi vereador, deputado estadual e vice-prefeito – disse que vai recorrer no Tribunal Regional Federal (TRF) em Porto Alegre.