O vice-presidente José Alencar deve ter alguma informação de cocheira, algo que o cidadão das ruas apenas intui, ou joga no quanto pior melhor, ao dar-se ao desfrute de declarar-se preparado para assumir a Presidência caso Lula seja afastado do cargo. E que muda a política econômica no dia seguinte.
O presidente mal subia a escada do avião que o levaria à Guatemala e ao pé de seu ouvido, informaram os jornais, Alencar sussurrava estar de regresso ao PMDB. Regresso que o colocará entre os que tencionam inscrever-se para as prévias que indicarão o candidato presidencial.
Leu-se que Lula não ficou nada contente com a decisão do vice, com o adendo de que a atitude demonstra um desejo claro de saltar da canoa justo na hora que o vento sopra com maior intensidade.
Opulento industrial de Minas, Alencar foi atraído para a política pelo próprio PMDB. Não passou muito tempo e foi eleito para a presidência do diretório regional, pois estava de olho no Palácio das Mangabeiras. Na época, se dizia que a sede do diretório regional era a ampla sala de Alencar na Federação das Indústrias que, só por acaso, também presidia.
Eleito senador, mais tarde migrou para o PL do bispo Edir Macedo e do ex-bispo Rodrigues, ultimamente operado com rara mestria por Valdemar Costa Neto, o maleiro de Mogi das Cruzes, ao saber que seria escolhido para a vice-presidência na chapa de Luiz Inácio. Não deu outra e o bem-sucedido fabricante de zuarte – o homem da Coteminas – tornou-se o segundo nome da República.
Deve ter adquirido gosto pela ribalta e saber de coisas ainda não ouvidas pelos mortais, para exibir-se com tal assanhamento. Além da imodéstia de dizer-se pronto para assumir o lugar de Lula, o mineiro avisa que deverá participar da disputa interna do PMDB. Se bobearem, acaba sendo o candidato do partido ao Palácio do Planalto.
Pequeno contratempo, já que o PMDB parece ter mais candidatos a presidente da República que eleitores nas prévias. Garotinho, Rigotto, Requião e Jarbas Vasconcelos estão aí. Itamar, como sempre agita o ambiente lembrando o nome de Aécio Neves, que é tucano, mas a seu juízo merece ser apoiado. Uma tese sequer registrada pela direção partidária.
Como ensinavam nossos avós, da política podemos esperar tudo e mais um pouco.