O vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, o comandante do Exército, general Francisco Albuquerque e o comandante Militar do Leste, general Domingos Curado, comemoraram na noite de hoje a recuperação das dez armas roubadas no quartel de São Cristóvão, no dia três de março. Mas não há uma previsão ainda, de quando as tropas sairão das ruas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi imediatamente informado da recuperação das armas pelo vice-presidente Alencar, por volta das 18h30. "O presidente naturalmente se congratulou com o Exército de ter realizado esta operação que foi vitoriosa para o Exército", declarou Alencar que criticou "o atrevimento" dos bandidos, depois de participar de uma reunião com os militares, em seu gabinete.
"Nós estamos sendo muito compreensivos com o crime no Brasil e com esta compreensão, acaba que o crime vai crescendo", afirmou Alencar, acentuando que, exatamente por causa disso são necessárias "ações desta natureza para mostrar que o crime não compensa". Alencar não quis precisar até quando o Exército ficará nas ruas, lembrando que ele está cumprindo mandados judiciais. Segundo ele, "é verdade" que a presença ostensiva das tropas federais provocou diminuição da criminalidade e do tráfico de drogas, embora ela tivesse este objetivo.
"Mas isto demonstra que a presença do Exército (nas ruas) é benéfica", acentuou o ministro, que, ao ser indagado se as tropas iam continuar na rua, respondeu: "nós cumprimos mandados de busca e apreensão. O Exército agiu cumprindo mandados judiciais. Então, se houver um pedido do governo do Rio para que o Exército participe de alguma ação episódica para minorar os problemas da criminalidade no Rio, o Exército jamais se furtaria e não se retira. Mas nós não podemos fazer uma ação no Rio, sem que sejamos convidados para isso". Este pedido, no entanto, até agora, não foi apresentado.
O comandante Militar do Leste, por sua vez, afirmou que "o mais importante é que retiramos dos bandidos armas que poderiam ser usadas contra à população", declarou, ao elogiar a atuação da Força Terrestre, em conjunto com a Secretaria de Segurança Pública do Rio. Questionado sobre informações que teriam circulado ontem, no Rio, de que haveria uma acordo entre Exército e o Comando Vermelho para que as armas aparecessem, o general Curado reagiu: "o Exército não faz acordo com criminosos e só age dentro da lei. A pergunta é absurda".
O general Curado salientou que todas as armas foram recuperadas e que o Inquérito Policial Militar que está apurando o desaparecimento das armas terá duração de 60 dias. Indagado se o Exército poderia deixar as ruas já na quinta-feira, ele informou que "novos mandados judiciais poderão ser cumpridos no Rio por solicitação do responsável pelo IPM e pelo juiz".
O vice presidente insistiu ainda que houve um "atrevimento muito grande" dos bandidos, em fazerem um assalto a uma unidade do Exército e uma unidade de logística, de transporte. "Então, o Exército tinha de cumprir esta missão e o cumprimento dela foi, rigorosamente, dentro da lei , com mandado judicial de busca e apreensão", com participação da Secretaria de Segurança Pública, e aos polícias militar e civil do Rio, além da Polícia Federal, para que dessem o apoio à questão ligada à inteligência, a fim de que houvesse maior objetividade nos trabalhos do Exército", afirmou no ministro, acrescentando que, "agora, o Exército, obviamente, tinha de estar presente a todas estas áreas porque tinha de buscar o que lhe pertencia".