Alemanha rejeita ampliar G-8 com entrada do Brasil

Londres (AE) – A chanceler alemã Angela Merkel, que vai assumir a presidência rotativa do G-8 em 2007, rejeitou a proposta apresentada pelo primeiro-ministro britânico, Tony Blair, que previa a ampliação do grupo dos países mais industrializados do mundo com a inclusão do Brasil, China, Índia, México e África do Sul, informou ontem o Financial Times. Segundo o jornal britânico, os países em desenvolvimento, com exceção da China, poderão não ser nem mesmo convidados para participar dos encontros de cúpula e de ministros das finanças do G-8 no próximo ano.

Merkel pretende alterar profundamente a agenda do encontro de cúpula do G-8, que nos últimos anos tem se concentrado em temas ligados ao desenvolvimento. A líder alemã quer que o grupo se concentre mais em assuntos econômicos, inclusive os desequilíbrios globais que ameaçam a estabilidade financeira.

Segundo o FT, essa mudança no foco do G-8 é uma das razões apresentadas por Merkel para rejeitar a ampliação do grupo com a entrada de grandes países em desenvolvimento. Ela teme que um G-8 expandido correria o risco de repetir a experiência dos encontros de cúpula da União Européia, nos quais discussões sobre temas pré-agendados se tornaram impossíveis após o bloco ter sido ampliado para 25 nações.

Pouco antes do encontro de cúpula do G-8 no início deste mês, realizado em São Petersburgo, na Rússia, Blair havia proposto a criação do G-13, com a inclusão permanente dos grandes países emergentes. Isso, segundo ele, daria mais representatividade ao grupo e fortaleceria a negociação de acordos multilaterais.

Ao longo dos últimos anos, o Brasil e outros países em desenvolvimento têm sido convidados regularmente a participar como convidados dos encontros de ministros das finanças e dos líderes do G-8. Mas segundo o FT, em 2007 apenas a China será incluída nas reuniões ministeriais.

Representantes do governo brasileiro e de outros emergentes vinham reclamando há tempos que o espaço reservado a eles pelo G-8 era muito reduzido, limitando-se apenas a reuniões paralelas realizadas à margem da agenda principal dos encontros de ministros e líderes. Os países em desenvolvimento também não participavam da elaboração do comunicado final das cúpulas do G-8.

?Estranha?

Fonte do Itamaray disse ontem que a chancelaria brasileira recebeu com estranheza a declaração atribuída à primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel. Embora não faça campanha pela inclusão do Brasil nesse clube, como acontece no caso do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), o governo havia anotado declarações de autoridades alemãs favoráveis ao ingresso do Brasil e de outras economias, como a China e da Índia, nas reuniões preparatórias da última cúpula do G-8, em São Petersburgo.

Oficialmente, a assessoria de imprensa do Itamaraty comunicou que o governo brasileiro não recebeu nenhuma informação de Berlim sobre essa questão. A notícia da nova posição alemã, publicada na edição de hoje do jornal britânico Financial Times, foi qualificada como ?especulação?.

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