Autoridades alemãs anunciaram nesta sexta-feira (6) a descoberta de uma cova rasa onde foram encontrados dezenas de cadáveres, inclusive os restos mortais de bebês e crianças com sinais de deficiência física. Acredita-se que a vala comum seja oriunda do período nazista e contenha vítimas de um programa de eutanásia por meio do qual eram assassinadas pessoas consideradas "sem valor".
Com base numa pista passada por um morador de Arnsberg, um distrito de Menden, no oeste da Alemanha, autoridades locais começaram a escavar ao longo da última semana um cemitério católico. Até o momento, os restos mortais de 51 pessoas foram descobertos, disse o promotor Ulrich Maass.
Grande parte dos esqueletos era de bebês e de crianças de idade estimada em até sete anos com sinais evidentes de deficiência física, disseram investigadores. Segundo eles, instrumentos médicos também foram encontrados na vala comum.
Maass, um promotor da Agência de Investigação de Crimes da Era Nazista, disse que iniciou a investigação de pelo menos 22 mortes aparentemente resultantes de programas de eutanásia do regime nazista, mas ainda não se sabe se o inquérito resultará na apresentação de acusações formais.
"É claro que existe a questão sobre como provaremos todos esses crimes depois de tanto tempo. Se as crianças tiverem sido envenenadas, será praticamente impossível", comentou Maass. Ele espera contar com o depoimento de testemunhas que viviam na região na época presumida dos crimes.
"Um administrador do hospital local na época e um médico ainda estão vivos, por exemplo", disse ele com otimismo. Estima-se que mais de 200.000 pessoas, inclusive muitas crianças portadoras de deficiências que os nazistas acreditavam "comprometer a pureza da raça", tenham sido mortas com base num amplo programa de eutanásia promovido pelo regime liderado por Adolf Hitler na primeira metade do século passado. Especula-se que os 29 corpos de adultos pertencessem a vítimas de bombardeios promovidos por aliados durante a Segunda Guerra Mundial.
