Além de segurança, milícia investe em negócios no Rio de Janeiro

As milícias que atuam em favelas do Rio não se sustentam apenas vendendo segurança ou cobrando taxas diversas de moradores e comerciantes. Depois de ocuparem ?militarmente? o espaço, elas já lançam braços sobre os mais variados negócios. Um exemplo típico é a Favela Rio das Pedras, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio, onde o policial civil Félix Souza Tostes, executado há dez dias, era tido como o chefão da milícia.

A lei do silêncio impera nessa favela que, segundo os próprios moradores, pode ter 90 mil habitantes. Os moradores evitam dar qualquer informação sobre o pagamento de taxas compulsórias à milícia. Mas um estudo do gabinete militar do prefeito do Rio, César Maia, estima que uma residência em área ?vigiada? paga de R$ 10,00 a R$ 15,00 por mês. A cota mensal dos estabelecimentos comerciais é de R$ 40,00. Há outras arrecadações, como o ágio de R$ 5,00 no preço do botijão de gás, o pedágio dos transportes alternativos e a venda de sinais clonados das TVs a cabo. A partir desses dados, o gabinete estima que o faturamento da milícia de Rio das Pedras é superior a R$ 1 milhão por mês.

Nesse levantamento realizado pelo jornal O Estado de S. Paulo, estão identificados os caminhos percorridos pelos milicianos para expandir seus ganhos. O grupo ligado a Félix Tostes vinha adotando essa prática desde que assumiu o controle de Rio das Pedras, há oito anos. O primeiro passo foi criar entidades representativas de setores da favela, mantendo-as sob seu controle. Assim, surgiram, em 2000, a Associação Comercial e Industrial de Rio das Pedras e o Centro de Cultura e Cidadania, ambos na Rua Nova, 20.

Nesse local, as duas entidades são desconhecidas e está instalada a associação de moradores. Mas na Receita Federal as entidades continuam ativas e têm como responsável aquele que é apontado na favela como o braço direito de Tostes: Washington, que talvez por erro no registro de nascimento assina Wasington Luis de Souza.

As ligações de Washington com a família do policial executado são profundas. Os dois moravam separados por apenas dois andares num prédio na Estrada de Jacarepaguá. Em maio de 2002, Washington e a mulher de Tostes, Maria do Socorro Barbosa, abriram a Tô Ki Tô Forró do Brasil, na Estrada da Barra da Tijuca. Hoje o forró está fechado.

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