Aos 65 anos, Nelson Jobim é um misto de político e jurista que ocupou sempre cargos de primeira linha nos três Poderes da República. No Legislativo, foi líder do PMDB na Constituinte (1987/88), embora deputado de primeiro mandato; no Judiciário, foi presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE); no Executivo, foi ministro da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso e da Defesa nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff. Em todos, envolveu-se em polêmicas.
Mesmo com sua carreira bem-sucedida, Jobim quer mais. Busca reposicionar-se politicamente, de forma a aparecer como o nome do PMDB numa disputa pela Presidência da República em 2014, caso o partido se desgrude do PT. Nos últimos meses, tornou-se uma espécie de consultor e conselheiro de um grupo de senadores não-alinhados com a direção peemedebista, entre eles Pedro Simon (RS) e Jarbas Vasconcelos (PE). É nesse núcleo que considera viável construir o caminho que o leve à Presidência.
Se, por um lado, Jobim construiu sua biografia em cima de atos voluntariosos e posições de destaque, por outro sofre com uma espécie de incontinência verbal em que revela segredos pessoais e o leva a fazer seguidas críticas a seus pares ou a deixar no ar palavras de efeito ambíguo. Na festa de aniversário de 80 anos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, disse que era preciso entender que os tempos mudaram. E, evocando o dramaturgo Nelson Rodrigues, afirmou: “O que se percebe hoje, Fernando, é que os idiotas perderam a modéstia”.
Da fala, ficou a suspeita de que estava chamando aqueles com os quais convive de idiotas. Ao se explicar, disse que falava dos jornalistas.
“E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.