Dentre as virtudes apreciáveis de um chefe de Estado, sem dúvida, a primeira e mais expressiva à vista de seus concidadãos é a firmeza de intenções, que deverá vir sempre respaldada por convincente programa de realizações.
Palavras somente, como temos repetido, por mais eloqüentes, não têm a capacidade de suprir as imensuráveis lacunas detectadas pela população em todos os quadrantes do território, de modo especial nas regiões afastadas dos centros urbanos, onde a atuação do governo representa a tábua de salvação para milhões de pessoas.
Nos últimos meses, o presidente da República tem-se valido da oratória – quase sempre de improviso – e, por isso, se distanciando da realidade na tentativa de substituir a ação administrativa pela apologia de feitos que a população não consegue visualizar.
Ao contrário, as pessoas vêem os estragos se acumulando nas rodovias, hospitais, universidades e vários outros setores sob controle governamental, cuja única realização concreta foi segurar com mão-de-ferro uma política econômica não conflitante com os interesses dos credores de nossa dívida pública.
Falando à nação em seu programa de rádio semanal, o último do ano, o presidente voltou a abusar da retórica ao afirmar que o maior crescimento do País, em 2006, deixará de ser mera promessa para se transformar numa garantia. O ministro Antonio Palocci havia declarado dias antes que o PIB crescerá 5% no próximo ano, depois da imensa frustração de 2005.
Ou estes senhores dispõem de informes que aos mortais comuns não estão franqueados, ou chegaram à conclusão que nesse ritmo a economia chegará a seu mais perigoso estágio nos últimos vinte anos, pondo tudo a perder.
A queda das taxas de juros entrou num ciclo consistente, segundo Lula, e esta é a maior aspiração do setor produtivo para a retomada dos investimentos necessários para o crescimento da produção e geração de novos postos de trabalho. Dessa forma, o conjunto da atividade econômica será beneficiado e o Brasil, de fato, voltará a crescer.
Apesar do tempo limitado e da fervura das eleições gerais, alguma coisa positiva deverá ocorrer, propiciando ao governo o estoque de munição para aventurar-se no confronto eleitoral, hoje em disparado processo de fortalecimento do adversário. Lula afirmou que a casa está arrumada e as contas em dia. Então, está na hora de repartir o bolo.