O presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (PcdoB-AL), quer transformar a questão do crescimento econômico numa "causa nacional", nos moldes do que foi a luta pela Independência, da Abolição, da República e da Redemocratização. "A necessidade do crescimento é um senso comum", disse à Agência Estado. Nesta semana, Aldo promove o seminário "Caminhos do Crescimento" para discutir alternativas à política econômica dos governos FHC e Lula que tragam o crescimento.
"Há um receio, um medo do crescimento. É algo generalizado", afirmou. "A Índia, a China, a Colômbia crescem. Todo mundo cresce e nós ficamos aqui no 2,6%, 2,3% e 2,5%", completou, referindo-se a expansão do PIB de 2,3% em 2005, mas também à média de crescimento da economia durante os oito anos do governo tucano, de FHC.
Na apresentação do seminário, organizado por Aldo, e não pelos líderes, consta: "Há doze anos, a economia brasileira está sendo conduzida por acadêmicos de única escola. Agora é o momento ideal para se dar a partida e uma rediscussão do projeto que não está atendendo os objetivos nacionais mais integradores da sociedade brasileira".
Já que o crescimento é o foco do seminário, o presidente da Câmara acha natural o perfil do grupo de economistas escolhidos para os debates de quarta e quinta-feira. Não há representantes dos governos FHC ou Lula. Também não há economistas do mercado (de instituições financeiras ou entidades). Há uma predominância de críticos ao modelo econômico atual. Na lista, estão Ricardo Carneiro, Luciano Coutinho, Luiz Gonzaga Belluzzo, Antonio Corrêa de Lacerda, Gilberto Dupas e João Manuel Cardoso de Mello. Serão coordenadores dos debates: os empresários Paulo Skaf (Fiesp) e Paulo Godoy (Abdib), e os deputados Ricardo Berzoini (presidente do PT) e Rodrigo Maia (PFL-RJ).
"Temos de ter um número maior de economistas ligados à idéia do crescimento e do desenvolvimento", explicou Aldo, admitindo que já fora questionado sobre o perfil dos palestrantes do seminário. Ele disse que conferiu a lista dos convidados e foi informado por seus assessores que muitos são ligados ao PSDB. "Como isso (o seminário) pode estar tão à esquerda? Qual é o tucano que está a minha esquerda?", indagou, irritado.
A ausência de representantes dos governos Lula e FHC ganha outra explicação. Aldo disse que é deliberado. "Não queremos fazer balanços de governos. Não queremos discutir se FHC errou, se Lula errou…Vamos ter um novo governo daqui a pouco", disse. Nesse sentido, o presidente da Câmara pretende realizar outros seminários para discutir infra-estrutura, exportação, saúde, educação e defesa. "Precisamos pensar o País. A Câmara não pode ser só a voz. É preciso ter cérebro, idéias", acrescentou Aldo.