Candidatos do governo e dos partidos de oposição à presidência da Câmara, os deputados Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e José Thomaz Nonô (PFL-AL) montaram hoje um quartel-general na caça aos votos dos deputados, mesmo com o Congresso esvaziado no fim de semana. "O movimento do Planalto para tirar o PT da disputa é ótimo: aumenta meus votos no partido", avaliou Nonô. "Nem a oposição nem o Palácio do Planalto podem decidir a eleição", afirmava hoje Aldo Rebelo, na tentativa de descaracterizar a disputa como uma briga entre o governo e seus adversários.
O primeiro foco de ambos os candidatos foi a bancada petista. O ex-ministro Rebelo trabalhou na liderança do PT, com a ajuda do anfitrião Henrique Fontana (PT-RS) e do líder do PC do B, Renildo Calheiros (AL). Só nas últimas 24 horas, Aldo fez 110 telefonemas para eleitores, 35 dos quais a interlocutores do PT. "Já temos 200 votos, em uma conta bem rasteira, e vamos esticar a corda até amanhã para conseguirmos fechar no primeiro turno", disse hoje o presidente do PSB, deputado Eduardo Campos (PE), que retirou seu nome da disputa em favor de Aldo Rebelo.
É sintomático que quase um terço dos contatos feitos por Aldo tenham sido para sensibilizar petistas, partido que automaticamente deveria dar a ele seus votos. Hoje, em Salvador, perguntado se Aldo era um bom candidato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse: "Pode ser".
Além de assediar os petistas inconformados com a interferência palaciana que tirou o partido da disputa, Nonô marcou um encontro com o presidente e candidato do PMDB, deputado Michel Temer (SP) para analisar o cenário e traçar estratégias conjuntas no caso de um segundo turno. Ao mesmo tempo, Aldo também confirmava que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), irmão do líder comunista Renildo, apóia sua candidatura.
A conversa com Temer é apenas um dos lances da investida do primeiro vice. Segundo um pefelista que está à frente de sua campanha, Nonô já conversou com o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (PMDB) e obteve a garantia de que, se Temer ficar fora do segundo turno, seus 30 votos na Câmara irão beneficiá-lo.
Dornelles – Reclamando de terem sido usados pelo Planalto, para abrir espaço a um candidato da base aliada, alguns petistas ainda cogitavam hoje apoiar o candidato do PP, Francisco Dornelles (RJ).
O raciocínio neste caso é o de que Aldo não tem chances de conseguir apoios no PSDB, ao contrário de Dornelles, que poderia rachar os tucanos dispostos a votar em Nonô. Afinal, ele foi ministro do governo Fernando Henrique Cardoso e é primo do governador tucano de Minas Gerais, Aécio Neves. Mas a expectativa dos governistas é de que Dornelles desista da disputa.
O líder Henrique Fontana acha que será possível conseguir apoio dos parlamentares do PP de Dornelles e do PL. Também tem expectativa de obter votos do PTB, o que não será tarefa fácil depois da cassação do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).