Brasília – A alta constante do álcool hidratado nas últimas quatro semanas faz com que deixe de ser vantajoso abastecer com o combustível derivado da cana-de-açúcar em nove estados e no Distrito Federal. Segundo levantamento de preços feito pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), o álcool subiu 2,91% nos postos brasileiros, e ficou em média R$ 1,591 na semana de 7 a 13 de janeiro. Na semana anterior pesquisada, de 31 de dezembro a 6 de janeiro, o preço médio do álcool foi de R$ 1,546.
A relação entre o preço do litro do álcool e o da gasolina se tornou, na média, desvantajosa no Distrito Federal, Piauí, Sergipe, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Os especialistas apontam que um carro, quando movido a álcool, rende 70% do que renderia se abastecido com gasolina. Por isso, é que os proprietários de carro flex têm que calcular se o preço do álcool ultrapassa 70% do preço da gasolina, para saber qual a opção mais econômica.
Como os preços levantados semanalmente pela ANP apresentam uma média do que é praticado num determinado número de postos, o consumidor tem que fazer a conta antes de abastecer no posto que escolheu. Um modelo de cálculo elaborado pela Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) ajuda o motorista a tirar sua própria conclusão rapidamente. Basta dividir o preço do litro do álcool por 0,70. Se o resultado for menor que o preço do litro da gasolina, o álcool continua vantajoso.
Em entrevista à Rádio Nacional, o diretor do Departamento de Cana-de-Açúcar e Agroenergia, do Ministério da Agricultura, Ângelo Bressan, explicou que subiu o preço praticado pelas usinas. ?Nós temos dois tipos de álcool, o hidratado, que é o que coloca direto nos carros, e o anidro que mistura na gasolina. O álcool anidro não subiu. O álcool hidratado é que subiu na segunda quinzena de dezembro. Agora, nas bombas, o preço depende da margem das distribuidoras e dos postos?, disse ele.
Bressan explicou que um dos motivos para a alta do preço do combustível derivado da cana é o fim da safra em dezembro na região Centro-Sul, que engloba Goiás, São Paulo e Minas Gerais. Com isso, as usinas fazem estoque para o período de entressafra, que vai até abril. ?O que aconteceu é que, com o problema da entressafra, a usina separa o álcool da safra anterior e começa a vender o álcool que está estocado. Esse álcool começa a ter o custo maior do que o custo da produção, por causa das perdas com a armazenagem. E esse custo, normalmente, é repassado aos preços?, disse ele. Os preços reajustados pelas usinas acabam se refletindo nas bombas.
Além disso, na avaliação do técnico, houve mais demanda no fim de ano com as viagens por causa das festas e das férias. Bressan lembrou ainda que a frota de carros flex tem aumentado muito e que isso se reflete também na demanda pelo combustível. ?A nossa frota está em 2,5 milhões de veículos. E o Brasil tem uma frota de carros em torno de 20 milhões de veículos. Quer dizer, mais de 10% dos nossos carros já são flex?, destacou.