O início da safra de cana-de-açúcar na região Centro-Sul do País foi insuficiente para impedir que o álcool continuasse pressionando a inflação medida no varejo na semana contabilizada até o dia 22 de março. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) subiu 0,24%, ante aumento de 0,27% na semana anterior. No mesmo período, o álcool subiu 13,44%, ante 10,68% uma semana antes.
Além do álcool combustível, o aumento de 2,45% na gasolina e de 1,43% nas tarifas de água e esgoto de quatro capitais (Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre e Salvador) foram as principais influências na alta da semana, contribuindo com 83% da composição do indicador.
O impacto só não foi maior, explicou o economista André Braz, da FGV, porque a queda nos preços do grupo de alimentação (-0,03% ante 0,33% na semana anterior) minimizou os efeitos de alta, puxando o indicador para baixo. Dentro do grupo alimentação, dois produtos se destacaram nesta queda: frutas e frango resfriado. O temor do mercado internacional com relação à gripe aviária derrubou as exportações de frango e ovos, aumentando a oferta no mercado interno e derrubando preços (-5,03%). Dos 27 tipos de frutas pesquisados pela fundação, 15 apresentaram forte queda. "Foi uma redução generalizada", afirmou Braz.
Outro fator de baixa no grupo alimentação, destacou ele, foi a queda nos preços do açúcar refinado, o que para o economista é um primeiro sinal do efeito da entrada da safra de cana-de-açúcar. "É de se imaginar que, na medida em que a safra tiver andamento, haja uma queda maior no preço do açúcar e comecemos também a ver estes efeitos sobre o álcool", disse Braz
Houve também queda ou reajustes menores nos grupos de educação, leitura e recreação (de 0,06% para -0,16%) e saúde e cuidados pessoais (de 0,62% para 0,61%). A variação no grupo vestuário passou de -2,03% para -1,48%; no de transportes, de 1 26% para 1,39%; e no de despesas diversas, de 0,13% para 0,27%.