O candidato tucano à presidência da República, Geraldo Alckmin, criticou nesta quinta-feira (24) o governo federal e atribuiu ao Executivo a maior parcela da culpa pelos casos de corrupção na administração pública. Para ele, deputados são apenas "correias de transmissão", dado que os recursos desviados vêm da estrutura do Executivo federal.
As críticas foram feitas pelo candidato em debate promovido pelo Instituto Ethos, capitaneado pelo principal representante na área empresarial e amigo pessoal – do presidente Lula no meio empresarial, Oded Grajew. "É fácil bater em deputado. Eu acho que tem que bater mesmo, que precisa renovar, mas deputado é só correia de transmissão", disse Alckmin.
Segundo ele, "todo dinheiro sai do Executivo e tem um corruptor aqui fora". "Infelizmente não são situações pontuais, a corrupção no Brasil contaminou todos os poderes, os partidos", disse, ressaltando que a corrupção na administração federal dá mau exemplo para outros chefes do Executivo. "Imagine o prefeito lá do interior, com esse exemplo que ele tem no Brasil, o que ele não acha que pode fazer?", questionou.
Para Alckmin, apesar de importante, a reforma política não irá pôr um fim ou reduzir drasticamente a corrupção. "Não se vai extirpar a corrupção com reforma política, isso é cadeia. O que estimula a corrupção é a impunidade", afirmou.
O presidente do conselho do Ethos, Oded Grajew, por sua vez, fez uma defesa do presidente Lula, em coletiva concedida logo após o evento. Ele disse acreditar que o presidente foi traído no caso do "mensalão" e que não sabia do esquema montado para comprar deputados. "O presidente Lula tem uma característica, que eu conheço há muitos anos: ele confia nas pessoas, delega mesmo", disse ressaltando que isso constituiu "um risco e ao mesmo tempo uma virtude.
Grajew que em 2002 foi o principal responsável por fazer a ponte entre o PT e o empresariado, disse que não participará dessa campanha, mas que isso não tem relação com os escândalos de corrupção. "Não sou mais necessário pra o PT o governo, que já têm contato direto com os empresários. Meu papel nesse sentido se esgotou", concluiu.