São Paulo – Um dia após ter dito que não há uma divisão dentro no PSDB, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, deu indícios de que uma eventual disputa interna pela escolha do candidato que irá representar o partido na próxima eleição presidencial seria positiva, por oferecer uma pluralidade de alternativas. Hoje pela manhã, após entregar 64 novas viaturas para a Polícia Civil de São Paulo, Alckmin sugeriu que não quer ser candidato por falta de opção, mas representar a real vontade da legenda na corrida presidencial.
"Não quero ser candidato, como se diz no esporte, por W.O.: ninguém quer, então vai você", disse Alckmin, em referência ao termo usado no meio esportivo para dar a vitória a um time quando o outro não compareceu. "É muito bom você ter várias opções para poder refletir bastante e escolher bem."
Durante a entrevista na sede do Detran-SP, Alckmin ressaltou a necessidade do cumprimento de promessas de campanha ao comentar o fato de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não ter sido capaz, até o momento, de atingir algumas das metas firmadas antes de se eleger. Perguntado sobre se isso valeria para o prefeito José Serra, que se comprometeu a não deixar a prefeitura de São Paulo para disputar a presidência, Alckmin se limitou a dizer que "este é um assunto que cabe ao prefeito responder".
Alckmin também evitou comentários sobre a possibilidade de se deparar com o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia (PFL). Questionado sobre o fato de Maia ter dito que a pré-candidatura do governador paulista representa um incentivo para que ele próprio se candidate, Alckmin disse: "Gosto do César Maia. Passei a ter mais apreço por ele quando vi que ele gosta de xadrez. O governador não deu um xeque mate, deu um xeque de dama, né? Eu fiz um grande rock? Gostei da conversa", ironizou.
Alckmin, que anunciou domingo que deixará o governo em março para disputar a eleição, manteve o tom de confiança e insistiu que sua pré-candidatura foi muito bem recebida no PDSB. "O pessoal está muito animado", afirmou o governador, voltando a defender também que sua saída do cargo é óbvia diante das circunstâncias. "É impressionante como na política coisas que são meio óbvias, que são a verdade pura, causam um certo impacto."
O governador aproveitou para ressaltar que não está preocupado com o fato de não ser conhecido nacionalmente com a mesma força de outros pré-candidatos à presidência da República. "Alguém na Argentina sabia do nome do Nestor Kirchner", disse Alckmin. "Não, ele era governador de um Estado. Ninguém sabia, isso é sempre assim. É para isso que tem campanha eleitoral."