Alckmin eleva tom e liga Lula a escândalos de corrupção

Após um fim de semana no Norte e Nordeste ao lado de caciques pefelistas adeptos de uma campanha mais ofensiva e com discursos duros contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, deixou ontem a linha ?paz e amor? e se curvou à temperatura alta do debate eleitoral. Alckmin acusou Lula de arrogante, de subestimar a inteligência dos brasileiros e relacionou o presidente aos escândalos do mensalão, sanguessuga e ao caso Waldomiro Diniz. Por fim, recomendou humildade ao petista.

?Na realidade, o presidente deu as costas para o povo brasileiro para a Justiça e os bons costumes. Trabalhou do lado do Waldomiro (Diniz), do mensalão, dos sanguessugas, do valerioduto desses escândalos todos. Isso é que é grave?, reagiu o candidato à declaração de Lula de que o PSDB abandonou os pobres e que ele é vítima de preconceito das elites do País porque fez o contrário.

A subida de tom veio no momento de maior crise da campanha de Alckmin. Na sexta-feira, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) expôs publicamente sua irritação com o estilo sereno do tucano e cobrou exatamente o que Alckmin fez ontem: colar à imagem de Lula todos os casos de corrupção que estouraram no atual governo.

Sem citar nominalmente o adversário, Alckmin criticou de novo Lula ao comentar especulações de que o petista, convicto na vitória no primeiro turno, já estaria fazendo planos sobre sua nova equipe ministerial. ?É uma declaração arrogante, porque a campanha está começando. É subestimar a inteligência das pessoas.? E alfinetou: ?Tem candidato aí com salto número 15. Eu vou com as sandálias da humildade.

Em discurso em um almoço beneficente ontem na quadra de uma escola de samba na zona norte de São Paulo, o tucano ironizou: ?A humildade é o estágio mais alto da sabedoria.

Apesar da diferença que o separa de Lula nas pesquisas, para o tucano é certo o enfrentamento com o presidente num segundo turno. ?A eleição vai para o segundo turno. São dois, três pontinhos e já dá segundo turno?, afirmou. ?Aí, é outra eleição. Não tem como fugir da comparação e do debate?, cutucou o presidenciável tucano.

Mas a reviravolta no discurso tucano não deve chegar à TV tão brevemente, como também reivindicava ACM. Segundo o ex-governador, a estratégia de priorizar no programa eleitoral na TV a sua biografia tem sido bem-sucedida e não deve mudar, por enquanto. ?Você percebe já na rua uma grande mudança. As pessoas já começam a querer conhecer, saber o que fez?, afirmou o tucano.

Para um público de cerca de 500 pessoas, a maioria sambistas, Alckmin ressaltou suas realizações no governo do Estado para a população negra e prometeu, a exemplo do que fez em São Paulo, regularizar todas as áreas de quilombos no País. Ao chegar à escola de samba, Alckmin, que disse ser devoto de São Benedito, beijou e pediu proteção a uma imagem do santo colocada na entrada da quadra. Depois do discurso, ele cumprimentou de mesa em mesa os convidados e serviu-se de um prato de feijoada.

Após comer, o candidato foi até a pista de dança e, ao som de Alcione, foi disputado pelas senhoras da velha guarda da escola. Dançou com três em menos de cinco minutos e precisou da ajuda de seguranças para se desvencilhar das candidatas a uma nova dança e ir embora. ?Não sou nenhum expert, mas gosto de dançar. Conheci a Lu (sua mulher) assim, num baile em Pinda (Pindamonhangaba, sua cidade natal).

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