São Paulo – O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), pré-candidato a presidente, afirmou hoje acreditar que a questão da corrupção no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deve dominar a pauta da eleição, apesar de o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ter incitado o PSDB a bater nesse tema durante a campanha deste ano
Alckmin, que afirma que não adotará a estratégia do ataque desde que lançou a pré-candidatura, reconheceu que "a corrupção está mais do que provada" e que estará presente no debate político
Ele insistiu, no entanto, que a atenção deve estar nas propostas de um modelo eficiente de crescimento para o País. "Isso (a questão da corrupção) será colocado em pauta, mas esta não é a essência do debate", disse Alckmin, que participou hoje da cerimônia de posse da nova diretoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE)
"Acho que o que vai distinguir uma candidatura é o projeto, é a proposta de como nós podemos ter crescimento mais forte sem ter a volta da inflação. Acho que este é o grande desafio brasileiro, o grande nó que precisa ser desatado", acrescentou. O governador de São Paulo disse ainda que, apesar de ser "excludente" na corrida eleitoral, a discussão em torno do tema da corrupção não será suficiente para eleger candidatos. "Ela (a questão da corrupção) exclui, mas não elege sozinha", disse
Mesmo assim, Alckmin mostrou-se mais agressivo em relação ao governo federal. O governador criticou o superávit primário (a diferença a mais entre receita e despesa, sem contar os juros), atacou a "falta de ética" da gestão Lula e respondeu às declarações do presidente sobre a existência de uma "urucubaca" que teria sido lançada sobre o mandato dele
Mesmo ao destacar qual será o tema da própria campanha, Alckmin criticou o PT. "O grande desafio nosso chama-se crescimento econômico, fazendo reformas, agindo com seriedade. Acabou bravata, acabou tirar coelho da cartola. A eleição do PT desmistificou muita coisa.
O governador comentou também as declarações de Fernando Henrique sobre a definição do candidato do PSDB a presidente. Ontem (30), o ex-presidente reconheceu que a candidatura do prefeito da capital paulista, José Serra (PSDB), possui um "problema de partida, mas não insuperável", por exigir a saída da Prefeitura no início da administração
Alckmin, por outro lado, não enfrenta essa dificuldade, o que tornaria a candidatura "ainda mais fácil". "Foi uma importante colocação do presidente Fernando Henrique para tirar uma visão que acabou saindo da reunião da semana passada", disse o governador, em referência ao encontro tucano que contou com a presença do ex-presidente, do presidente nacional do partido, senador Tasso Jereissati (CE), e do governador de Minas Gerais, Aécio Neves
Na ocasião, Jereissati oficializou a pré-candidatura de Serra, ao mesmo tempo em que FHC declarou que o prefeito de São Paulo será candidato se o povo quiser.