O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pré-candidato pelo PSDB à Presidência da República, criticou há pouco, em entrevista coletiva, a operação tapa-buraco, feita pelo governo federal, que prevê investimentos de R$ 440 milhões em consertos em 26 mil quilômetros de rodovias federais. Alckmin a chamou de "operação band-aid, um remendo". "Do jeito que está sendo feito (a operação tapa-buraco), só vai jogar dinheiro fora", disse após participar de reunião do Fórum de Secretários Estaduais de Transportes, em São Paulo.
O governador considera a ação do governo federal insuficiente para corrigir as péssimas condições das estradas federais. Criticou o momento de início das obras, questionando a eficiência de execução num período de chuvas, bem como a ausência de concorrência pública para a escolha das empresas que farão as obras. "É desperdício de dinheiro e temos que deixar muito claro que o dinheiro público é de todos e não de ninguém. É preciso responsabilidade no gasto público", cobrou.
Segundo Alckmin, o governo federal deveria ter se preocupado com a manutenção correta das estradas há três anos, estabelecendo cronograma de obras dentro de um planejamento estratégico e lançando licitações públicas para haver concorrentes entre fornecedores e redução dos custos das obras. "Defendemos a recuperação para valer e só estranho não terem feito isso antes, mas deixar para fazer tapa-buracos agora."
Para o governador, a recuperação plena poderia partir da própria União, uma vez que a carga tributária brasileira é uma das maiores do mundo. "Algo está errado. Nossa carga tributária está em 37,5% do PIB, quase 40%, e não sobra dinheiro para nada? A questão dos gastos públicos é relevante", argumentou, num tom de candidato em campanha. "Isso mostra a falta de planejamento do governo do PT, o da improvisação", opinou.
O governador paulista também aproveitou para criticar a "caravana" de prováveis candidatos nas eleições deste ano que tem acompanhado o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, nas vistorias da execução das obras nos Estados. Ontem, por exemplo, o ministro de Relações Institucionais, Jaques Wagner, pré-candidato ao governo da Bahia pelo PT, acompanhou Nascimento na vistoria de obras naquele Estado. "Que o ministro vá vistoriar as obras é normal e essa é função dele, mas, querer transformar a vistoria em festa política é muita falta de imaginação", avaliou.
Por fim, o governador defendeu o programa de estadualização das rodovias federais, previsto na medida provisória nº 82, do governo Fernando Henrique Cardoso, e que caiu na administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "São Paulo não entrou no programa de estadualização, apesar que queríamos a BR 153, a Transbrasiliana. Entendemos que a MP 82 deve ser refeita e, depois de recuperada, as rodovias deveriam passar para a gestão dos Estados. Esse é o caminho que será seguido, mas cedo mais cedo ou mais tarde", declarou. A MP 82, publicada no final do mandato de FHC, previa a transferência de 14,8 mil quilômetros de rodovias federais para os Estados no período de 2002 até o final de 2006. A União se comprometia a recuperar 25% de cada rodovia, por ano, e transferi-las imediatamente aos Estados.