Alckmin cai na pesquisa e preocupa tucanos

Os tucanos vêem com preocupação o fato de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficar imune aos escândalos que desgastam o governo e manter estável o índice de aprovação de sua administração. Ao mesmo tempo, passam a prestar mais atenção na pré-candidatura do peemedebista Anthony Garotinho, que se aproxima do pré-candidato tucano, Geraldo Alckmin, nas intenções de voto.

"Garotinho é um lutador, e com lutador não se brinca", diz o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). O senador ressalva que Garotinho foi beneficiado pelos programas de TV do PMDB, mas conta que sempre chamou atenção dos companheiros de partido para o potencial do ex-governador do Rio. "Ele é relevante como adversário e também no caso de não disputar a Presidência, o que faria a eleição se resolver no primeiro turno", diz Virgílio.

Por enquanto, os tucanos mantém o investimento político na pré-candidatura de Alckmin à sucessão de Lula e não querem falar na possibilidade de o ex-governador ser substituído na disputa pelo ex-prefeito José Serra, pré-candidato ao governo de São Paulo. Pesquisa do instituto Datafolha divulgada hoje mostra que a diferença entre Garotinho e Alckmin caiu de 11 pontos porcentuais para apenas cinco.

Alckmin perdeu três pontos e ficou com 20%. Garotinho subiu três pontos, chegando a 15%. O presidente Lula mantém a liderança, com 40%, dois pontos a menos que na pesquisa anterior. Sem Garotinho, Lula venceria no primeiro turno.

Apesar do discurso de que a campanha ainda não começou, os tucanos não querem perder tempo. "O que precisa é brigar no dia-a-dia, ganhar um pedacinho a cada dia", diz o deputado Alberto Goldman (SP), ex-líder do PSDB na Câmara. Sobre a possível troca de Alckmin por Serra, o secretário-geral do PSDB, deputado Eduardo Paes (RJ) afirma: "Isso é intriga do PT", diz o secretário-geral do PSDB, deputado Eduardo Paes (RJ). "É sabotagem do inimigo", reforça Goldman.

Como são obrigados pela Lei Eleitoral a deixar os cargos para concorrer, Serra e Alckmin tiveram de anunciar suas pré-candidaturas no fim de março. Oficialmente, os candidatos só são lançados depois das convenções dos partidos, em junho. Um dos principais motivos que fazem os tucanos manterem a candidatura nacional de Alckmin é a confortável situação de Serra na disputa estadual. As pesquisas mostram que o ex-prefeito venceria no primeiro turno.

No PFL, que fará aliança nacional com Alckmin, a expectativa é de passar o mais rapidamente possível "da defensiva para o ataque", como diz o líder do partido no Senado, José Agripino (RN). Agripino considerou "preocupante" a resistência de Lula aos escândalos e "ruim" o resultado da pesquisa para Alckmin. "É preciso urgência na tomada de providências", disse o líder.

Entre as iniciativas para decolar a candidatura tucana estaria a definição das alianças. A pesquisa, favorável a Garotinho, praticamente sepulta uma possível aliança do PMDB com os tucanos e pefelistas já no primeiro turno. " Com essa pesquisa, esqueça o PMDB. Garotinho vai se agarrar como um cão danado na sua candidatura", analisou Agripino. O líder do PFL acredita que a queda de Alckmin se deve ao fato de ter saído de um período tumultuado, depois de disputar internamente com o ex-prefeito José Serra.

Para Goldman, chamou atenção o fato de Lula não ser atingido pela notícia da violação da conta bancária do caseiro Francenildo dos Santos Costa, que desmentiu publicamente o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci. "A população não dá muita importância, boa parte do eleitorado sabe dos fatos, mas eles não chegam claramente ao conhecimento da população, que não vê as responsabilidades. O eleitor mais informado já tem posição definida. É preciso alcançar esse povo que não lê os jornais", diz o deputado.

No governo, o resultado da pesquisa foi motivo de comemoração. O ministro de Assuntos Institucionais, Tarso Genro, coordenador político do governo, avalia que o tema da ética pública estará em pauta, mas haverá também cobrança por "projetos para o País".

"A partir de agora temos de trabalhar uma agenda paralela, manter a discussão da ética, manter as investigações (de denúncias que envolvem integrantes do PT e do governo). Mas esta discussão isolada de um projeto para o futuro do País se torna uma discussão meramente eleitoreira", diz o ministro.

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