Se não contabilizasse os gastos com juros, o governo brasileiro teria economizado R$ 60 bilhões ao longo dos seis primeiros meses do ano. O cálculo, chamado de superávit primário, leva em conta os orçamentos do governo central (Tesouro, Previdência e Banco Central), governos regionais (estados e municípios) e empresas estatais.
O ajuste de R$ 60 bilhões corresponde a 6,4% de todas as riquezas do país, o Produto Interno Bruto (PIB). A meta estabelecida pelo Lei de Diretrizes Orçamentárias, aprovada ano passado, era de 4,25% do PIB.
Foi o maior ajuste fiscal desde 1991, quando o superávit primário começou a ser calculado, segundo Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC). Lopes divulgou os dados hoje (29), no Relatório de junho sobre Política Fiscal do BC.
O governo central contribuiu com R$ 40,4 bilhões (4,3% do PIB) para o superávit primário, que não inclui os gatos com juros da dívida. Simultaneamente, estados e municípios lucraram R$ 13,7 bilhões (1,5% do PIB) e as empresas estatais responderam por R$ 5,8 bilhões (0,6% do PIB). Isso implica em um superávit "confortável", de acordo com Altamir, também para o acumulado dos últimos 12 meses, que corresponde a R$ 94,9 bilhões, ou 5,1% do PIB.