A política econômica não muda, senão o ministro Antônio Palocci pede demissão. Foi o que o médico e ex-prefeito de Ribeirão Preto, que virou ministro da Economia, deixou bem claro quando criticado pela ministra Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil. Lula ficou em cima do muro. Um dado novo, não esperado pelo presidente, veio a dar razão a Dilma, se bem que Lula parece estar considerando que razão têm os dois ministros. É a queda do PIB em 1,2% no terceiro trimestre do ano.

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?Eu já esperava que fosse um trimestre ruim, mas não esperava o número que foi?, disse o presidente em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Mas que acredita que ?o quarto trimestre certamente dará indícios mais fortes (de crescimento). Nós estamos na rota de redução das taxas de juros? – completou.

Ele disse que ?o fato de o PIB ter decrescido é alerta para nós?. E acrescentou: ?Vamos ver o que aconteceu direitinho, vamos ver o que a crise política tem de incidência nisso, vamos ver o que a taxa de juros tem de incidência nisso, vamos ver porque os empresários não estão investindo?.

E ainda: ?Eu continuo acreditando que nós não demos nenhuma razão para que qualquer ser brasileiro não acredite que o Brasil vai continuar a crescer mais fortemente. Há indícios de que isso vai acontecer. O que precisamos saber é qual o tempo em que isso vai acontecer. Não podemos permitir que comecemos 2006 dando sinais de que não vamos ter um crescimento vigoroso?.

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Em suma, o presidente não esperava o mau resultado, não sabia que as coisas estavam indo mal, não sabe o que é preciso para que a economia ande melhor e, desfalcado de tantas informações, faz um voto de fé no desenvolvimento. Está para a economia como disse que estava para a crise ético-política em que o governo se envolveu e cada dia mais se enrosca. Por fora.

Sua profissão de fé no desenvolvimento, mesmo não sabendo por que as coisas não vão tão bem quanto esperava, parece dar razão às críticas de Dilma Rousseff. O que ela reclamou foi que a área econômica vinha apertando o cinto dos brasileiros até que as línguas saltassem para fora, para conseguir superávites com o objetivo de rolar as dívidas do País, notadamente as externas. E esse dinheiro estava fazendo falta nos ministérios, que não podiam tocar seus planos de educação, saúde, viário, sociais, de segurança e de infra-estrutura. Em suma, estávamos trabalhando para satisfazer os credores. O empresariado, de sua parte, não tem crédito a juros aceitáveis e suficientes para financiar estoques, produzir e vender.

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A crise política e ética não é do agrado de nenhum empresário sério e é normal que, diante de novas ondas que todos os dias surgem no mar de lama, lance âncoras ou recolha-se a portos mais seguros.

O ministro Jaques Wagner já adiantou o que Lula vai fazer. Fará ?ajustes de dosagem? sem modificar o modelo econômico. Isso significa continuar buscando superávites para pagar os credores, mas em menor volume, para que alguma coisa sobre para o desenvolvimento nacional. Tal diretriz explica o dinheiro que Lula mandou soltar até o fim do ano, mais do que Palocci vinha permitindo e menos do que desejam os demais ministros, inclusive Dilma. E muito menos do que o Brasil precisa. Assim, a política econômica continua a mesma. Mas não do mesmo tamanho.