Bangcoc, 13 (AE) ? O número de órfãos no mundo estaria caindo se não fosse a epidemia de aids, que já deixou 15 milhões de crianças sem pelo menos um dos pais até 2003. Até 2010, na África Subsaariana, que concentra a maior incidência da doença, 50 milhões de crianças serão órfãs, quase um terço por causa da aids. Os dados são do relatório Children on the Brink 2004, divulgado hoje durante a 15.ª Conferência Internacional de Aids, em Bangcoc, na Tailândia.
Na América Latina, o número de órfãos vem caindo. No ano passado, as agências das Nações Unidas, que prepararam o relatório, estimaram a existência de 12,4 milhões de crianças com menos de 18 anos sem pelo menos um dos pais ? uma queda de 10% na comparação com 1990.
No entanto, em países como o Haiti, em que a incidência da aids já chegou a 5,5% da população, o número de órfãos também subiu. Atualmente, a estimativa é de que 15% das crianças naquele país sejam órfãs, mais do que o dobro da média da região.
“Na África, onde a epidemia é basicamente heterossexual, podemos projetar a média do número de filhos de cada mulher para termos uma idéia sobre os órfãos,” explicou John Stove, responsável pelas estatísticas do relatório. Já em lugares como o Brasil, por exemplo, onde muitas vítimas são homossexuais ou usuários de drogas injetáveis, a relação não é a mesma. “Estamos trabalhando num modelo para fazer essa projeção.”
Segundo o relatório, o Brasil tem 4,3 milhões de órfãos ? ou 7% da população entre 0 e 17 anos. Desses, 3,3 milhões seriam órfãos apenas de pai. “O impacto que a epidemia de aids tem nas crianças é brutal. Já sabemos que as órfãs têm mais probabilidade de serem menos saudáveis, mal nutridas, mais exploradas. E em alguns lugares da África haverá uma geração quase inteira de crianças cridas dessa maneira”, afirmou Carol Bellamy, diretora-geral do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
De acordo com o diretor-executivo do programa das Nações Unidas para Aids (Unaids), Peter Piot, apenas 140 mil crianças órfãs pela aids recebem apoio dos governo.
Protesto
Cerca de cem ativistas fizeram hoje um protesto durante a apresentação na conferência do diretor-presidente do laboratório Pfizer, Henry A. McKinnell. Carregando faixas e cartazes, eles interromperam o discurso de McKinnell, acusando a multinacional de dificultar o acesso a remédios que salvariam a vida de pessoas com o vírus HIV por causa dos altos preços. “Acabem com as patentes, tratem as pessoas”, gritavam.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) aprovou ontem mais quatro novos genérico indianos contra a aids.