Para engenheiro agrônomo do Fórum Matogrossensse de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Formad), James Cabral, o incidente com agrotóxicos em Lucas do Rio Verde (MT), segundo maior produtor de grãos do país, mostra que é preciso repensar o modelo do agronegócio que utiliza veneno em larga escala. Há cerca de dois meses, a cidade foi pulverizada por uma nuvem de agrotóxicos.
"Esse incidente demonstra que precisamos refletir sobre esse tipo de agricultura que é feita no Brasil hoje. É necessário se mudar a base tecnológica, é necessário se pensar em tipos de produção que usem tecnologias mais limpas, menos agressivas ao meio ambiente e conseqüentemente não façam mal a nossa saúde", diz. O engenheiro esteve na cidade sete dias após a ocorrência, a pedido do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso.
Em companhia do doutor Wanderley Antonio Pignati, eles fotografaram e coletaram amostras das plantas atingidas, entrevistaram autoridades municipais, chacareiros e moradores e encaminharam ao Ministério Público local a denúncia para que fosse instaurado inquérito civil. Eles também elaboraram a notificação encaminhada às autoridades sanitárias do estado e do governo federal.
Segundo ele, a Secretaria de Agricultura do município sabia do problema, mas até então não tinha feito nenhuma ação junto à vigilância sanitária para identificar a origem e o tipo do produto. "O que revela um profundo descaso com a saúde da população", conclui. O engenheiro relatou que nem a prefeitura nem a Secretaria de Saúde fizeram um levantamento mais aprofundado sobre o caso. "Isso demonstra efetivamente que a prefeitura não se preocupou que no caso desse veneno."