Pequenos agricultores que fazem parte da Associação de Produtores Agrícolas de Colombo (Apac), na Região Metropolitana de Curitiba, querem reerguer a entidade e voltar a comercializar seus produtos através dela. Para isso, porém, afirmam que é necessário apurar todas as irregularidades observadas nos últimos anos e reestruturar a associação.
Fundada há cerca de vinte anos e dona de uma grande estrutura – equipada com câmaras frias, máquinas para processar e outros equipamentos -, a Apac corre o risco de fechar as portas definitivamente. Desde agosto, a entidade suspendeu o pagamento aos agricultores que forneciam as mercadorias (frutas e verduras convencionais e orgânicas). Sem receber, os produtores também deixaram de fazer as entregas, e a unidade está parada há cerca de um mês. No último balancete apresentado, em março, a dívida da entidade era de quase R$ 500 mil.
?Ninguém mais quer entregar para eles (Apac)?, afirmou o agricultor Mário Agostinho Guarise. A alternativa foi tentar vender diretamente para os supermercados. No caso de Guarise, a opção foi comercializar os produtos na Central de Abastecimento (Ceasa). Duas vezes por semana, contou, ele chega às 20h30 na Ceasa, em Curitiba. À 1h começam as vendas, que seguem até 11h ou meio-dia. Só então, retorna a Colombo. Além da rotina cansativa, Guarise conta que os custos aumentaram. ?Cada viagem de caminhão até a Ceasa custa cerca de
R$ 130,00?, afirmou. Com isso, o rendimento mensal, que chegava a quase R$ 4 mil quando entregava e recebia da Apac, caiu quase pela metade.
Auditoria
Para tentar reestruturar a entidade, os associados marcaram para o dia 16 de maio uma assembléia nas dependências da Apac. O objetivo, contaram os agricultores, é destituir a diretoria atual é formar outra. A partir daí, será proposta a realização de uma auditoria nas operações financeiras feitas pela entidade nos últimos anos. Em pleno funcionamento, a associação movimentava cerca de R$ 100 mil por mês.
?Temos pressa, mas queremos que seja feito tudo certinho. A Apac terá que recomeçar do zero e se reerguer?, afirmou o agricultor Edison Luiz Ceccon, ex-presidente da associação, que alega estar sem receber R$ 16 mil pelas mercadorias entregues. Segundo ele, as supostas irregularidades são antigas, desde que iniciou a produção orgânica, há cerca de dez anos. ?Não estamos jogando a culpa nessa última diretoria. Há dúvidas que vêm desde antes?, acrescentou a advogada Andréa Schneider Silva, que está assessorando os agricultores.
Além de apurar as possíveis irregularidades, os agricultores terão ainda outra tarefa: a de reconquistar a confiança das redes de supermercados. Quando ativa, a Apac vendia frutas, verduras e legumes para as grandes redes não só no Paraná, mas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
