O governo paraguaio confirmou que as lavouras de soja transgênica estão sendo responsáveis por perdas de até 70% devido ao período de seca que atingiu diversas regiões do país. Já as lavouras convencionais estão apresentando quebras da ordem de 40%. Os agricultores paraguaios que optaram pela semente de soja transgênica estão em situação desesperadora com o desastre que a mínima produtividade acarretará em suas atividades, com reflexos dramáticos na economia do país.
Segundo o agrônomo Marcelo Silva, da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, ?a notícia divulgada pelos nossos vizinhos não traz em si maiores novidades, já que se sabe há algum tempo que a soja transgênica tem desempenho ruim quando exposta a condições ambientais desfavoráveis?. Silva lembrou que um artigo publicado em novembro de 1999 na revista ?New Scientist? já alertava para o fato de a soja transgênica apresentava perdas de mais de 40% sob temperaturas elevadas.
?As últimas safras gaúchas mostraram isso, assim como a Paraguaia está fazendo agora. Há também um estudo americano (Benbrook, 1999) baseado na observação de 8.200 parcelas que indica que a soja transgênica é, em média, 6,7% menos produtiva que a convencional?, afirmou Silva. Entre 1997 e 2000 vários outros relatórios confirmaram essa tendência (Ching and Mattheus, 2002). Esse diferencial de produtividade está associado com problemas no enraizamento da cultura modificada e na associação com bactérias benéficas para a fixação biológica de nitrogênio.
Esses problemas se acentuam em áreas de baixa fertilidade ou em condições de seca, que afetam o desenvolvimento das bactérias fixadoras de nitrogênio. Da mesma forma, essas bactérias são afetadas pelo herbicida Roundup, sem o qual a soja RR não tem sentido.
Marcelo Silva explicou ainda que ?boa parte das pesquisas em melhoramento genético voltou suas atenções para a seleção de plantas mais produtivas e com maior capacidade de se adaptar a condições adversas, como por exemplo, baixa fertilidade. A biotecnologia, a partir dessas evidências, parece seguir na contra-mão. Isso associado a padrões insustentáveis de ocupação do espaço só faz agravar os problemas e o tamanho de seus impactos?.
