Os agricultores paranaenses estão aproveitando as condições climáticas dos últimos dias para intensificar o plantio e garantir assim uma boa produção na safra 2004/05. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, é possível chegar aos números da safra 2002/03, quando foram colhidas 30.345.660 toneladas, a maior da história do Paraná. Na safra passada, a produção paranaense de grãos teve uma redução de 13,96% em relação à anterior, ocasionada principalmente por causa da estiagem.
Para a safra que está iniciando, o Deral avalia que deverá ocorrer um incremento de área plantada de 0,6%, passando de 6.563.128 hectares, para 6.603.116 hectares. A informação refere-se ao conjunto de 19 produtos a respeito dos quais é possível fazer estimativas.
A área destinada ao cultivo de grãos não registra crescimento, mas a produção poderá atingir 20.301.602 toneladas – 9,5% superior que a passada. De acordo com Luiz Roberto de Souza, chefe da Divisão de Conjuntura do Deral, confirmam-se as estimativas de crescimento dos plantios de algodão, amendoim, mamona, soja e sorgo, e de redução dos plantios de arroz, feijão e milho.
Soja
A Secretaria da Agricultura confirma crescimento de aproximadamente 4% na área plantada com soja. Na safra 2003/04 os agricultores paranaenses cultivaram 3,93 milhões de hectares e, para 2004/05, estão semeando por volta de 4,09 milhões de hectares. Os maiores avanços estão ocorrendo nas regiões de Apucarana (20%), Jacarezinho (16%), Laranjeiras do Sul (16%) e Guarapuava (15%).
Apesar do percentual ligeiramente inferior ao do ano passado, a semeadura está acontecendo dentro da normalidade, com 19,6% da área concluída, até o último dia 25. Em 2003, no mesmo período, os produtores tinham plantado 25% da área. “Graças às condições climáticas as lavouras germinaram bem e estão com um bom desenvolvimento inicial”, explicou o engenheiro agrônomo Otmar Huber, encarregado de acompanhar a safra de soja. A produção total deve ficar em torno de 12.350.962 toneladas.
Feijão
O prolongado período de seca, de setembro até meados de outubro, atrasou o plantio do feijão na primeira safra em todo o Estado, prejudicando inclusive a qualidade de muitas lavouras. As chuvas ocorridas na segunda quinzena de outubro porém normalizaram o trabalho de plantio e a situação das lavouras.
O plantio de feijão já atinge 85% da área estimada para a cultura, percentual esse considerado normal para o período, de acordo com os técnicos da SEAB. Até meados desse mês, o plantio deverá estar concluído.
Os baixos preços do feijão durante todo o ano, o aumento do preço dos insumos agrícolas e ainda do custo de produção foram fatores decisivos que levaram os produtores a reduzir a área plantada nesta primeira safra 2004/05. A área destinada à cultura, em todo o Estado, será de 314.416 hectares, representando uma redução de 13,9% em relação à área cultivada na safra 2003/04.
A produção é estimada em 444.756 toneladas, 7,5% inferior à safra passada, mas a produtividade média estimada é de 1.415 kg por hectare. “Essa produtividade maior não significa aumento de tecnologia, apenas mostra que a safra anterior foi prejudicada por fatores climáticos”, adiantou Richardson de Souza, técnico do Deral, responsável pelo acompanhamento da produção de feijão.
Algodão
O Paraná é o primeiro Estado no calendário nacional a semear algodão. Com o plantio concentrado nos meses de outubro, novembro e dezembro, até o momento foram semeadas 18% da área total, estimada em 50.000 hectares. Essa área é 5,8% superior à área da safra passada, e o aumento deve-se aos bons preços obtidos pelos produtores, nas duas últimas safras.
O Deral estima que existem atualmente aproximadamente 3.000 produtores de algodão no Estado, que deverão colher uma média de 3.330 kg/hectares. A produção está estimada em 116.531 toneladas de algodão em caroço, ou 41,5 mil toneladas de pluma, 30% superior à de 2003/04, quando foram colhidas 89.936 toneladas de algodão em caroço.
A variedade mais plantada é a IAPAR 92, recomendada para cultivo com colheita manual. O custo de produção para a safra atual é de R$ 10,10 a arroba.
Trigo
Favorecida pelas condições climáticas, a colheita do trigo atingiu 85% da área estadual, sendo que no mesmo período do ano passado, foram colhidos 81% da área. O rendimento médio obtido até o momento é de 2.199 kg por hectare. Caso este patamar seja mantido até a conclusão da colheita, será o segundo maior já alcançado no Estado, conforme levantamento dos técnicos do Deral. O recorde foi obtido no ano passado, com 2.600 kg/hectare.
Neste ano, a redução do rendimento médio foi causada em grande parte pela doença fúngica denominada brusone, provocando uma perda média de aproximadamente 9,0% da produção inicialmente estimada. A colheita já foi concluída nas regiões Oeste e Sudoeste. No Norte do Estado deverá ser finalizada nos próximos dias, enquanto que no Sudoeste e Sul, regiões onde a semeadura foi mais tardia, estima-se que a colheita deverá terminar no início de dezembro.
Milho
A estimativa de plantio de milho safra 04/05 é de 1,25 milhão de hectares, o que representa uma redução em relação à safra anterior, de 7,5%. O primeiro levantamento feito pelo Deral, no mês de julho, apontou uma queda na área de 4,3%, desde então a SEAB vem realizando novas avaliações e o percentual de 7,5% pode ser considerado acima da expectativa.
“Esta será a menor área cultivada com milho na safra normal, numa série história de 30 anos”, destacou a engenheira agrônoma Vera Zardo, responsável pelo acompanhamento da safra de milho. Segundo Vera, a decisão do produtor em optar por soja deve-se à maior estabilidade da cadeia e do mercado, maiores facilidades para entrega e comercialização do produto, e principalmente à liquidez constante.
De acordo com Vera Zardo, devido ao aumento de custo de produção, estimado em 17%, e pela falta de uma garantia na comercialização, como uma venda antecipada que assegure uma remuneração sobre o custo de produção, o produtor de milho sente-se inseguro em apostar no plantio.
Considerando as condições normais de clima, a produção estimada é de 7,18 milhões de toneladas, 6,6% inferior à colheita passada, quando foram colhidas 7,68 milhões de toneladas. Aproximadamente 75% das lavouras já foram semeadas.
Projetando-se um aumento da área de milho safrinha, de aproximadamente 15%, e considerando-se uma recuperação da produtividade, a estimativa de produção total – safra normal e safrinha – é de 13 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 16% em relação à safra 2003/04, quando foram colhidas 11,15 milhões de toneladas.
A comercialização da safrinha de milho atingiu 49% da produção total, ou 1,7 milhão de toneladas. Da safra normal foram vendidas 79% da produção, o que representa 6,07 milhões de toneladas. “Considerando as duas safras, restam a ser ofertadas, até a entrada da nova safra, 3,37 milhões de toneladas de milho da safra paranaense”, explicou a agrônoma do Deral.