Agricultores do Paraná que utilizaram o biossólido ? lodo de esgoto processado ? como fertilizante atestam os benefícios da utilização do produto na lavoura agrícola. O agricultor Dionísio Lechi, que possui uma propriedade em Araucária, disse que aplicou pela primeira vez o produto em 2003 e sempre obteve bons resultados. Ele plantou 50 hectares de milho e conseguiu um aumento de cerca de 20% na produtividade. Sobre problemas com contaminação, Lecchi garante que nem ele e nem aqueles que ajudaram a aplicar o lodo, tiveram qualquer problema de saúde. ?Eu mesmo trabalhei e não tive qualquer doença?.

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O agricultor Muceslau Borkovski revelou que aplicou o lodo de esgoto em sua propriedade em 2002. ?Não tive nenhum problema de saúde. O lodo ajudou a corrigir a acidez do solo porque tem muito cal?, comentou.
Esta opinião também é compartilhada por agricultores de Foz do Iguaçu, onde o programa de reciclagem do lodo de esgoto já contabilizou a aplicação de 500 toneladas do produto.

O agricultor Nivaldo Piazza foi um dos primeiros a participar do programa. Para ele, a utilização do produto só trouxe benefícios. ?Nunca tive problema de saúde nenhum. Recebi toda a orientação de como deveria ser aplicado, inclusive percebi que a qualidade do solo melhorou depois de usar o lodo?.

O agrônomo Roberto Sgarbossa concorda com Piazza. Ele é arrendatário de uma propriedade rural e aplicou o lodo em 2005. ?Todo o processo foi acompanhado por técnicos da Emater, que orientaram sobre a quantidade de lodo que deve ser aplicada no solo. O resultado foi o aumento de produtividade em 20 sacas de soja por hectare?.

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Em relação a problemas na saúde, o agrônomo diz que o mesmo cuidado que se deve ter com outro tipo de fertilizante, deve ser observado com o biossólido. ?Deve se ter o mesmo cuidado, quando se aplica calcário, por exemplo?, acrescentou.

Como funciona o programa

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O programa de reciclagem do lodo para a agricultura, desenvolvido pela Sanepar, obedece a todas as exigências ambientais. Cada lote, disponibilizado pela empresa, é previamente analisado e só é liberado se atender os padrões definidos. O procedimento tem autorização do Instituto Ambiental do Paraná e passa por um processo de acompanhamento técnico por agrônomos da Emater.

São feitas análises microbiológicas e de metais pesados, antes da liberação do produto para a agricultura. Estas análises garantem que o lodo está dentro dos critérios sanitários e ambientais estabelecidos. Portanto, não oferece riscos de contaminação no solo, na cultura ou no agricultor. Também, em cada área agrícola, que recebe o lodo de esgoto, são realizadas análises de solo para determinar a quantidade de fertilizante que será aplicado. Os agrônomos da Emater orientam, ainda, sobre o modo de aplicação e restrições de locais. Os coordenadores da Emater e da Sanepar registram Anotações de Responsabilidade Técnica sobre este processo, junto ao CREA.

O que é o biossólido

O biossólido ou lodo de esgoto é o que resta nas estações da Sanepar, no final do processo de tratamento do esgoto doméstico. Por ser rico em matéria orgânica e nitrogênio, o lodo do esgoto é indicado para todas as culturas, com exceção daquelas que a parte comestível tem contato direto com o solo, como hortaliças e raízes.

O lodo também possui quantidade considerável de fósforo, além de alguns micro-nutrientes importantes para as plantas. O processo de higienização do produto, geralmente utiliza o cal, o lodo pode substituir, pelo menos parcialmente, o calcário usado pelos agricultores para corrigir a acidez do solo. Portanto, a Sanepar está seguindo as diretrizes estabelecidas pela Agenda 21, que recomenda a reciclagem como alternativa indicada para a gestão de resíduo, quando a qualidade é compatível.