Brasília – Os agricultores brasileiros continuarão tendo dificuldades para pagar seus compromissos em 2007, estima o balanço da agropecuária de 2006, divulgado nesta terça-feira (12), em Brasília, pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Mesmo que o câmbio e o clima sejam favoráveis e o controle de pragas e doenças seja eficiente, no ano que vem, as receitas obtidas com a comercialização da safra ainda serão insuficientes para a quitação dos débitos acumulados de outras safras, avaliados atualmente em R$ 20 bilhões.
?Em 2007, teremos novamente crise de liquidez. Não há nada de novo. É a crônica de uma morte anunciada?, afirmou o presidente da CNA, Antônio Ernesto Salvo. ?O mecanismo que se fez para organizar o débito no passado, com suas prestações, os custos dessa safra e o que se espera obter em recursos com as vendas desses produtos não vai ser suficiente para pagar as despesas?, completou.
De acordo com o presidente da CNA, os produtores brasileiros vêm tendo problemas nos últimos dois anos. ?Mercado internacional, consumo interno, o Brasil que não cresce, dificuldades climáticas, doenças novas que apareceram, aumento dos custos de produção e queda do dólar?, enumerou.
Além disso, afirmou o presidente da CNA, os agricultores do país encontram ainda dificuldades no acesso a outros mercados devido aos subsídios utilizados em outros países que, segundo ele, chegam a um bilhão de dólares por dia aos países da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico]. ?Essas medidas protecionistas também impedirão o crescimento das exportações brasileiras de alimentos?, avaliou Antônio Ernesto Salvo.
Para a CNA, para reverter esse quadro, seriam necessárias medidas estruturantes, além de uma política agrícola que amenize as oscilações de renda do setor. ?Enquanto isso não acontece, a cada safra, estaremos dando sempre dois à frente e um atrás?, argumentou o assessor técnico da CNA, Luciano Marcos de Carvalho.