O Ministério do Esporte vai enviar à entidades como a Fifa e a Conmebol notas de
repúdio à atitude de injúria com agravante racista do zagueiro argentino Leandro
Desábato contra o atacante Grafite quarta-feira, durante o jogo entre São Paulo
e Quilmes, no Morumbi, pela Copa Libertadores. Os documentos, que estão em fase
de tradução para os idiomas inglês e espanhol, além de condenarem o ato
específico do jogador argentino contra o são-paulino tem o objetivo de alertar
para o crescimento dos gestos racistas no futebol mundial e pedir providências
para que sejam coibidos.
"O incidente de quarta-feira foi bastante grave.
Tenho acompanhado os atos racistas na Europa, de torcedores contra jogadores.
Agora, acontece entre jogadores. Isso é preocupante" disse o ministro Agnelo
Queiroz à Agência Estado. Na quarta-feira, ele enviou telegrama de solidariedade
ao São Paulo e ao Grafite. Na mensagem ao jogador, parabenizou-o pela "postura
corajosa" de levar o caso adiante. "Ele fez o que vítimas deste tipo de agressão
devem fazer."
Para Queiroz, a atitude da polícia e da Justiça brasileira
no caso envolvendo Grafite nada teve de exagero. Ao contrário, foi
exemplar.
"Nossas autoridades tomaram atitudes previstas na lei". Além de
correspondências às entidades ligadas ao futebol (a Confederação Brasileira de
Futebol – CBF – também vai receber), o ministério vai enviar mensagens a
entidades que combatem o racismo e a orgãos como o Conselho Sul-Americano de
Ministro do Esporte – do qual, aliás, Agnelo é o presidente. Todas as cartas
serão também assinadas pela secretária especial de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial da Presidência da República, Matilde Ribeiro.
Agnelo
Queiroz definiu como "preocupante" o crescimento de atos racistas em eventos
esportivos. "O esporte sempre foi uma área de congraçamento, de convivência,
independente de sexo, raça, religião.
Não se pode deixar que isso se
perca. É preciso uma mobilização geral contra tal estado de coisas."