Agentes de trânsito ajudam a cidade funcionar melhor

O trabalho dos agentes de trânsito é fundamental para o bom funcionamento da cidade. Eles garantem o cumprimento da legislação através da fiscalização e da orientação aos motoristas. Em situações especiais como congestionamentos decorrentes de acidentes, falta de luz nos semáforos ou grandes eventos, eles evitam o caos utilizando apitos, sinais de braço e muita boa-vontade.

A equipe de agentes de trânsito de Curitiba é composta por 400 profissionais, dos quais 158 trabalham do setor de Estacionamento Regulamentado (EstaR) e fazem o controle da rotatividade no uso das vagas de estacionamento nos locais mais movimentados da cidade. Nesta atividade, a maioria são mulheres: são 200 do sexo feminino e apenas 35 do masculino. A diferença se explica porque até 1988 apenas mulheres eram contratadas para a função. Na área de fiscalização, o time masculino é maior, com 107 agentes homens e 51 mulheres.

Todos fazem parte do quadro da Diretoria de Trânsito (Diretran), uma divisão da URBS. Tiveram que passar por concurso público para assumir a função, onde comprovaram conhecimento aprofundado da legislação que é o verdadeiro instrumento de trabalho dos agentes: o Código de Trânsito Brasileiro. Além do curso de capacitação inicial que todos eles recebem, os agentes também passam por treinamentos diferenciados de acordo com suas atribuições individuais. São cursos de relacionamento interpessoal, de direção defensiva, motociclista e até de socorros urgentes. O atendimento a acidentes de trânsito, especialmente com vítimas, não faz parte do conjunto formal de atribuições dos agentes, mas a realidade do dia-a-dia exige flexibilidade dos agentes para enfrentar todo tipo de situação.

Há seis anos no setor de EstaR, Liliana Schramm já usou em situações inusitadas os conhecimentos aprendidos no curso de socorrista do Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (Siate). "Tem gente que reclama da fiscalização, não gosta de ser flagrado cometendo irregularidade, mas numa situação de emergência as pessoas confiam no agente e contam com o nosso apoio", afirma Schramm, que já atendeu um senhor epilético, de 84 anos, e evitou que a crise convulsiva no meio da rua tivesse conseqüências mais graves.

Schramm é uma das integrantes do grupo "Anjos da Guarda", criado há dois anos para ajudar os profissionais do EstaR em situações de conflito nas ruas. São agentes preparados para situações de grande estresse emocional, quando o motorista é flagrado infringindo a lei, mas não reage bem à notificação e parte para o bate-boca ou mesmo para a agressão física. Em praticamente todos os casos, na base de muita conversa e paciência, os anjos da guarda conseguem evitar confrontos e fazer prevalecer a lei.

"A população precisa lembrar que os agentes só estão cumprindo a lei. O respeito às leis é um dos princípios da democracia", afirma o presidente da URBS, Paulo Affonso Schmidt. "No trânsito, se todo mundo achar que pode transgredir um pouquinho, a cidade pára", diz.

Para a cidade funcionar direito, o trabalho dos agentes é fundamental. Sem uma organização adequada, os passeios ciclísticos, as caminhadas festivas, as carreatas de protestos e até as procissões religiosas fariam um grande estrago na mobilidade da cidade. A escolta dessas mobilizações, com o bloqueio e desbloqueio progressivo das ruas e a indicação dos desvios para os motoristas são tarefas rotineiras para as equipes da Diretran.

No feriado de 12 de outubro, por exemplo, foi necessário mobilizar quase todo o efetivo da Diretran para atender nove eventos com grande mobilização de público, entre eles a festa do Dia das Crianças, que levou cerca de 100 mil pessoas ao Parque Barigüi. Em diversos pontos do entorno do parque, os agentes trabalharam para garantir, em especial, a segurança dos pedestres.

A agente Maria Isabel Mânica, há três anos na Diretran, passou o feriado ajudando a manter a ordem na rua Aluizio França, que sempre tem mão única nos domingos e feriados para organizar o trânsito no entorno do parque. Mesmo na frente das placas indicativas, ainda tem muito motorista que reclama dos agentes e pede para passar na contramão "só um pouquinho". "O parque está cheio por causa do feriado, o trânsito está muito movimentado, mas algumas pessoas insistem em desrespeitar a lei, sem imaginar que a sua infração vai atrapalhar a vida de centenas de carros que estão andando no sentido certo", desabafa ela.

"Ele ainda vai sair dizendo que nós só queremos saber de multar", disse a agente de trânsito, depois de evitar que um jovem mal-humorado dirigindo uma possante caminhonete – sem o cinto de segurança e sem camisa, com dois cachorros pitbull sem focinheira na carroceria do veículo – entrasse na contra-mão.

Enquanto isso outra equipe de agentes ajudava a travessia de pedestres na rua Cândido Hartmann, um dos principais acessos do Barigüi. Enquanto intercalavam a passagem de carros e de pedestres, os agentes eram abordados por visitantes em busca de informação sobre a direção das principais atrações do parque.

No dia-a-dia da profissão, os agentes também são muito procurados por turistas em busca de informação. O funcionário público Marcos Alcântara, de Brasília, conseguiu ajuda dos agentes ainda dentro da Estação Rodoferroviária de Curitiba para chegar à Praça Rui Barbosa. "Eles conhecem muito bem a cidade, o sentido das ruas, os melhores caminhos. São uma fonte valiosa de informações", disse o visitante.

Para manter a qualidade do serviço prestado pelos agentes, a Diretran planeja investir ainda mais em treinamento e capacitação. De acordo com a gerente de orientação de trânsito, Jaqueline Canto, já está previsto para fevereiro um curso de 50 horas para todo o quadro, com a troca de experiências dos agentes, palestras e treinamentos especiais oferecidos por técnicos da Diretran, Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran), além de uma assessoria externa de psicologia, para aperfeiçoamento da prática profissional.

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