Está em marcha um hipernegócio na área de produção de etanol, a priori, envolvendo uma parceria de grupos privados norte-americanos e brasileiros. O tema está na agenda da visita do presidente George W. Bush ao Brasil, no início de março. A projeção do empreendimento é ambiciosa e os primeiros indícios mostram que o potencial do investimento pode chegar a US$ 100 bilhões nos próximos cinco anos.
Com a finalidade precípua de contornar entraves constituídos pelo protecionismo do governo dos Estados Unidos à indústria nacional, foi criada a Comissão Interamericana do Etanol, liderada pelo ex-governador da Flórida, Jeb Bush, irmão do presidente norte-americano, contando dentre os demais integrantes com o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, um dos ases mundiais do agronegócio.
A conversação entre os presidentes Bush e Lula pressupõe a adoção de uma plataforma conjunta para dar andamento ao projeto da gradativa utilização de etanol como combustível alternativo à gasolina. O setor privado de ambos os países, todavia, trabalha em ritmo acelerado para ultimar entendimentos em torno dos aportes financeiros respectivos e, ainda, na prospecção do interesse dos mercados da América Latina e Caribe.
Nesse aspecto, a indústria brasileira terá sólida participação, tendo em vista não apenas a exportação de 200 milhões de litros de álcool para a Colômbia e Venezuela, que estimulam programas alternativos na área da matriz energética, mas à demanda por projetos de usinas produtoras do combustível em vários países do subcontinente.
Nos últimos dois anos, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) emprestou R$ 3,3 bilhões para financiar a construção de usinas, a expansão do cultivo de cana-de-açúcar e a co-geração de energia pelo aproveitamento de resíduos industriais.
Um sistema interligado de produção de etanol nas três Américas, mesmo em países de pouca inserção no segmento, tem o potencial de 200 bilhões de litros/ano na fase de maturação. Rodrigues está encarregado de fazer o mapeamento das vocações regionais a fim de subsidiar a opção dos investidores internacionais. Além de restringir a dependência do petróleo, Bush ainda terá o lucro adicional de neutralizar o pernóstico Hugo Chávez…
