Agência Fitch cobra manutenção da meta de superávit primário

A agência de classificação de risco Fitch Ratings alertou hoje que a manutenção da meta de superávit primário de 4,25% do Produto Interno Bruto (PIB), apesar da saída do ministro Antônio Palocci, será importante para garantir a continuidade do controle fiscal no Brasil, um dos "pilares das recentes melhoras da qualidade do crédito do país nos últimos anos".

O diretor da agência, Roger Scher, afirmou "que a continuidade de políticas macroeconômicas sólidas é fundamental para melhorar a qualidade de crédito numa economia emergente como o Brasil". Segundo ele, Palocci era o principal artífice da política fiscal do governo Lula.

"Diante da muito elevada carga da dívida e pobre histórico do crescimento do PIB, qualquer relaxamento das metas fiscais enviaria o sinal político errado, colocando a relação entre a dívida e o PIB numa trajetória altista, e poderia criar dificuldades para o governo nos leilões da dívida doméstica, nos quais mais de um terço da dívida pública é rolada a cada 12 meses", disse Scher. "Pressões recentes nos gastos, incluindo aquelas nascidas da proposta de aumento do salário mínimo, têm sido também motivo de preocupação."

Ele observou que o ministro da Fazenda é membro do Conselho Monetário Nacional (CMN), que estabelece as metas para o Banco Central. "Qualquer escorregão nessas metas poderia ameaçar a credibilidade da política monetária", disse. "Qualquer enfraquecimento na credibilidade da política monetária vai dificultar a obtenção de novas reduções nas taxas de juros reais necessárias para melhorar fundamentalmente a dinâmica da dívida pública do Brasil, que continua sendo um fator limitador dos ratings soberanos do Brasil."

A Fitch observa que a qualidade do crédito do Brasil registrou melhoras nos últimos meses. Uma delas é o declínio da exposição do setor público ao risco cambial e aos credores internacionais. Além disso, o declínio da dívida pública ligada ao dólar para quase zero reduziu a exposição do país ao risco cambial.

"Com uma performance sólida no balanço de pagamentos, a dívida externa declinando, e a inflação sob controle, as taxas de juros reais poderiam continuar a cair", disse. "Isso, é claro, assumindo que não haverá prêmio de risco adicional devido ao aumento de riscos para estrutura da política macroeconômica."

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