Preocupado com o caos nos aeroportos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou ontem uma reunião de emergência com os ministros da Defesa, Waldir Pires, da Casa Civil, Dilma Rousseff o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, e o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi. Depois da reunião, Pires e Bueno atribuíram os problemas registrados ontem a panes no sistema de comunicação, descartando a possibilidade de sabotagem. Mesmo assim, o governo abriu uma sindicância sobre o episódio, que terá 30 dias para entregar um relatório
Na reunião, o presidente determinou que outra central de rádio, semelhante à do Cindacta-1, em Brasília, seja comprada para o Serviço Regional de Proteção ao Vôo de São Paulo. Assim, quando houver uma nova falha, o sistema de reserva será acionado. Segundo Pires não há problema de recursos para a compra. ?Eles são prioridade absoluta.? Pires enfatizou que o presidente deu ordens ?peremptórias para que jamais problemas como o de hoje (ontem) voltem a acontecer?
A Polícia Federal chegou a ser acionada pelo comando da Aeronáutica para investigar se o novo apagão aéreo foi fruto de sabotagem. Mas a PF está convencida de que houve apenas um problema técnico, algo incomum, mas plausível. Os policiais não só checaram os equipamentos, verificando se havia algum sinal de sabotagem em fios, como ouviram funcionários de alguns setores do Cindacta-1. Ao final, a PF informou ao comando da Aeronáutica que não é o caso de abrir nenhum Inquérito Policial-Militar (IPM), mas apenas descobrir qual tipo de problema técnico ocorreu. Diante da falta de evidências de crime, a PF saiu das investigações
A suspeita de sabotagem no sistema foi alimentada durante boa parte do dia pela própria Aeronáutica. A cúpula da Força Aérea estranhou o fato de o incidente ter ocorrido na véspera de uma audiência na Câmara dos Deputados que discutirá a situação do controle do tráfego aéreo e a possibilidade de desmilitarização do setor. As suspeitam recaíram sobre sargentos controladores, que reivindicam melhores condições de trabalho, ou por militares de igual patente que cuidam da manutenção dos equipamentos – para mostrar que, sem eles, o sistema também não funciona.