Aeronáutica teme greve de controladores no dia 23

O comando da Aeronáutica está em alerta para uma possível paralisação do sistema de controle do tráfego aéreo a partir do dia 23, antevéspera do Natal. Por precaução, a Força Aérea Brasileira (FAB) já tem um plano de aquartelamento dos controladores militares, que seria desencadeado no dia anterior, sem data para ser suspenso. O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, trabalha pessoalmente com essa possibilidade e foi quem determinou esse planejamento.

A informação já chegou ao Palácio do Planalto e preocupa o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que abomina a idéia de novos tumultos nos aeroportos. Por isso, desde domingo, Lula está tratando da crise diretamente com Bueno, sem passar pelo ministro da Defesa, Waldir Pires. Na quinta-feira, dois dias após reunião no Planalto, Bueno anunciou a compra de centrais reservas de áudio. No mesmo dia, por determinação de Lula, convocou sargentos da Associação Brasileira de Controladores do Tráfego Aéreo, para ouvir suas queixas. Os cinco repetiram os problemas das freqüências de rádios, falhas nos radares e pediram ao comandante que os defendessem das acusações de que estariam sabotando o sistema. No sábado, Lula cobrou explicações de Bueno sobre as negociações e ouviu que a conversa foi produtiva.

Sem Solução

Os controladores negam que estejam articulando qualquer mobilização. Advertem apenas que os problemas, principalmente de falta de pessoal, são reais, não estão resolvidos e podem repetir-se em qualquer época. Alegam que os equipamentos de rádio são os mesmos que entraram em pane na semana passada, provocando o maior blecaute aéreo do País, e no sábado, por alguns minutos, e os radares são os mesmos que apresentam seguidos erros de leitura e pontos cegos. Os controladores insistem que não fizeram operação-padrão.

Caso se concretize, será a terceira vez, em menos de dois meses, que os sargentos controladores seriam confinados para garantir as operações no centro de controle aéreo de Brasília (Cindacta-1). Procurada, a FAB disse desconhecer qualquer paralisação ou aquartelamento.

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