Brasília – O Comando da Aeronáutica negou que tenha ocorrido qualquer falha de comunicação entre o avião que transportava o papa Bento XVI após sua visita ao Brasil e o Centro de Controle de Área de Recife (ACC-RF). A denúncia sobre o provável incidente foi feita pelo deputado Efraim Filho (DEM-PB) durante a sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura as causas da crise que atingiu o setor aéreo após o acidente com o Boeing da Gol, em setembro de 2006.
Em nota divulgada às 18h30, o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica confirma parte do relato do deputado, mas diz que não houve nenhum problema que comprovasse a existência de "pontos cegos" no sistema aéreo, impossibilitando a comunicação entre aeronaves e torres de comando.
Segundo a Aeronáutica, o desentendimento ocorreu porque o piloto italiano teria dito que a mensagem duraria ?two three minutes?, em inglês, dois três minutos. Por sua vez, o controlador teria entendido que o piloto lhe dizia os algarismo separadamente, mas querendo dizer 23.
De acordo com a nota, o piloto italiano da empresa Alitalia teria consultado o ACC-RF a respeito da possibilidade de transmitir um agradecimento de Bento XVI ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao fazer o pedido, o piloto teria dado a entender que a mensagem duraria 23 minutos.
O ACC-RF então começou a se preparar para realizar a gravação, mas, segundo a nota, ?uma aeronave comercial brasileira? (que de acordo com Efraim pertenceria a empresa aérea TAM) confirmou que a aeronave italiana pretendia enviar uma mensagem com 23 minutos de duração.
O Comando da Aeronáutica afirma que a partir do pedido inicial até a gravação da íntegra do agradecimento do papa, que tem dois minutos de duração, se passaram apenas oito minutos ?sem ter havido qualquer falha de comunicação?.
Ao apresentar a gravação da conversa feita por um rádio-escuta amador, o deputado Efraim Filho afirmou que o episódio seria ?a prova irrefutável de que há pontos cegos no sistema de comunicação do sistema aéreo brasileiro?. Efraim disse ter requisitado que a CPI solicite oficialmente à Alitalia, à TAM e à torre de controle de Recife dados oficiais sobre as comunicações feitas entre as 23 horas e meia noite do dia da viagem do papa.
