Na reunião de emergência realizada ontem com todas as autoridades responsáveis pelo sistema de aviação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva soube que a Aeronáutica abriu uma nova sindicância para verificar se houve algum tipo de sabotagem que levasse à mais recente pane na aviação, como chegou a ser aventado pelo próprio Centro de Inteligência da Força Aérea Brasileira (FAB). É a segunda sindicância para averiguar suposta sabotagem pela FAB desde que começou a crise no setor. O novo apagão enfraqueceu ainda mais o ministro da Defesa, Waldir Pires.
?Foram muitas coincidências, que precisam ser investigadas?, disse uma das autoridades, defensora da tese da sabotagem. Esta tese, no entanto, é contestada por autoridades da própria FAB e do Planalto, que reconhecem que ?todo o sistema está funcionando no limite? em várias áreas, há muito tempo, o que transforma as panes em rotina, pela constância com que passam a ocorrer.
Lula foi informado que quatro pontos levaram aos problemas ocorridos ontem e ouviu que ?não é possível que o governo seja tão pé frio assim?.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Tráfego Aéreo no Rio, Jorge Botelho, contesta as suposições de sabotagem e lembra que o grupo de trabalho criado para tratar dos problemas do setor havia pedido uma auditoria nos equipamentos. ?Se a auditoria já estivesse em prática, certamente os problemas recorrentes já teriam sido detectados. Nós sempre avisamos que os equipamentos vivem com problema, mas nenhuma providência ainda foi tomada?, desabafou Botelho.
Segundo ele, para provar que os problemas são antigos, basta procurar os livros de ocorrência das unidades de tráfego aéreo de todo o País.