Advogado diz que pilotos do Legacy não têm culpa

O advogado José Carlos Dias, que defende os pilotos do Legacy, Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, disse que as informações publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo ontem, segundo as quais a cabine de comando do jato recebeu dos controladores de vôo de Brasília a orientação para manter a aeronave em 37 mil pés, mostram que "eles não tiveram culpa" pelo acidente com o Boeing da Gol, no dia 29 de setembro, em que 154 pessoas morreram.

"As coisas estão indo bem. Estão se esclarecendo normalmente, evoluindo para a confirmação de que eles não tiveram culpa", afirmou Dias, em rápida entrevista ao Estado, pelo telefone. O advogado não comentou a contradição entre os novos dados e as afirmações feitas por ele mesmo ao jornal no último dia 5. Na ocasião, Dias disse que os pilotos decidiram continuar a 37 mil pés, contrariando o plano de vôo traçado para o Legacy, porque houve falha no contato com o centro de controle (ele não especificou se a tentativa frustrada de comunicação fora com o Cindacta de Brasília ou de Manaus).

Ao ser entrevistado no dia 5, Dias explicou: "Eles (os pilotos) estavam seguindo o plano de vôo estritamente. Ao se aproximarem de Brasília, entraram em contato com a torre, para checar se deveriam mesmo diminuir a altitude, e não conseguiram se comunicar. Mas não quero ficar atribuindo responsabilidade a ninguém". Ele complementou: "Se havia alguma dúvida, a posição do Boeing tinha de ter sido mudada."

Hoje ele relatou que teve um único encontro com os clientes – no próprio dia 5 de outubro – e que não possui detalhes sobre a comunicação (ou falta de) dos pilotos com os centros de controle. Lepore e Paladino estão hospedados no Rio e Dias, ex-ministro da Justiça, trabalha em São Paulo. O advogado Theodomiro Dias Neto, seu filho, é que tem viajado para a capital fluminense para conversar com os pilotos. Dias esclareceu ainda que ambos estavam muito traumatizados quando ele os encontrou, de modo que não tiveram condições de esmiuçar o que ocorrera no dia do acidente.

Os pilotos permanecem no Rio, uma vez que os depoimentos deles à Polícia Federal ainda não foi marcado pelo delegado Renato Sayão. Desde a semana passada, Lepore e Paladino têm a companhia de suas mulheres, norte-americanas, como eles. Elas vieram ao Brasil para dar apoio aos maridos, cujo retorno aos Estados Unidos é incerto (os dois tiveram os passaportes apreendidos pela Polícia Federal).

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