O advogado Enrico Gianelli disse há pouco na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos que foi ameaçado pelo diretor de marketing da empresa multinacional Gtech, Marcelo Rovai, em meados de 2003.

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Segundo Gianelli, Rovai teria dito que ele "perderia o emprego e a OAB (inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil)". O advogado não disse, no entanto, os motivos que teriam levado Rovai a fazer a ameaça.

Ele também disse aos senadores que, em 2003, foi convidado a se retirar do escritório de advocacia em que trabalhava. O presidente da CPI, senador Efraim Moraes (PFL-PB), considerou a afirmação grave e pediu que a OAB tome providências em relação a Rovai.

Antes, em seu depoimento, Gianelli afirmou que conheceu Rogério Buratti, ex-secretário de Ribeirão Preto (SP) na gestão do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, a partir de uma investigação que realizou para a multinacional Gtech no final de janeiro de 2003.

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Gianelli disse também ter sido ele o elo entre a Gtech e Buratti. "Fui eu que apresentei o Buratti ao Rovai". Marcelo Rovai foi diretor da Gtech e Rogério Buratti é acusado pedir propina para facilitar a renovação do contrato entre a Caixa Econômica Federal (CEF) e a Gtech.

Gianelli é acusado de ser o principal intermediário no suposto processo de contratação de Rogério Buratti pela Gtech, para facilitar a renovação do contrato entre CEF e Gtech. Interrogado pelo relator da comissão, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), disse que a gravação onde ele e Buratti foram flagrados marcando um suposto encontro fazia parte de sua investigação dos antecedentes do ex-secretário de Ribeirão Preto.

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Contudo, a gravação citada por Gianelli foi feita pela Polícia Federal em 10 de maio de 2004, mais de um ano depois do início do levantamento descrito por ele.

Gianelli disse ainda que nunca recebeu pagamentos da Gtech. "Nunca fui empregado da Gtech, ela nunca me pagou. Eu fazia parte de um grupo de 30 advogados da Fisher&Foster, que trabalhavam para ela". Ele afirmou também que não fez parte das negociações financeiras do contrato com a CEF. "Quem negociava eram os diretores (Antonio Carlos Lino da Rocha e Marcelo Rovai), eu fazia a parte jurídica do processo."

Enrico Gianelli depõe após três tentativas frustradas da comissão para ouvi-lo. Convocado pela primeira vez para depor no dia 04, o advogado não compareceu. Reconvocado para o dia 09, uma liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) o desobrigou a comparecer à CPI.

Diante de nova convocação, o STF negou pedido de habeas corpus, já que dessa fez foi chamado como operador da Gtech e não mais como advogado e o depoimento foi marcado para o dia 25. Gianelli novamente não compareceu, alegando problemas de saúde.

No início do depoimento, Enrico Gianelli apresentou o habeas corpus concedido pelo STF em razão da sua primeira convocação. Os senadores contestaram a liminar apresentada pelo depoente e o acusaram de tentar enganar a comissão.