O advogado do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, Marcelo Leonardo, contestou hoje a interpretação de que ele, junto com o ex-secretário nacional de Finanças e Planejamento do PT Delúbio Soares, forje um esquema semelhante à Operação Uruguai para justificar a origem do dinheiro e os saques milionários feitos nas contas das agências de publicidade SMP&P e DNA Propaganda.
"Essa interpretação é resultado da falta de informação completa das pessoas, que, quando tiverem acesso aos dados e documentos, poderão constatar que as transações estão registradas nas instituições financeiras e foram comunicadas ao Banco Central (BC)", afirmou Leonardo.
"Não foram operações armadas na última hora", acrescentou. A Operação Uruguai veio à tona há 13 anos, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que resultou na cassação do ex-presidente Fernando Collor de Mello, para denominar um empréstimo contraído naquele país com o objetivo de justificar os gastos pessoais dele. Pela semelhança, a versão de Valério e de Delúbio tem sido chamada agora de Operação Paraguai.
Com essa explicação, membros da CPI constituída para investigar a suposta corrupção na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) consideram que eles indicariam a adoção de uma estratégia de defesa pela qual assumiriam irregularidades somente no campo eleitoral, resultando em punições mais brandas.
Em nota divulgada na sexta-feira (15), Valério admitiu que contraiu "vários empréstimos" por meio das agências de publicidade a pedido de Delúbio.
Os recursos, obtidos entre 2003 e 2005, eram repassados ao PT e depositados em bancos para indicados pelo partido. No mesmo comunicado, cujo teor foi repetido, em linhas gerais, na entrevista que concedeu à TV também na sexta-feira, o empresário diz que não conhece e não teve envolvimento com o "mensalão".
"Marcos Valério teve a oportunidade de fazer um depoimento público que corresponde à verdade, confirmada pelo ex-tesoureiro do PT. As críticas estão sendo feitas por pessoas que não tiveram acesso aos documentos", disse o advogado. Os documentos, segundo Leonardo, são referentes a movimentações bancárias e estariam com representantes do Banco Central (BC) e do Ministério Público Federal (MPF).
Ele informou que, até o início da tarde de hoje, o empresário ainda não havia recebido convocação para comparecer, novamente, à CPI dos Correios. "Se for convocado a prestar mais informações à CPI, ele irá", disse Leonardo. Em relação às faturas da DNA Propaganda encontradas pela Polícia Civil de Minas Gerais parcialmente destruídas, na semana passada, o advogado livrou Valério de qualquer responsabilidade.
"Este é um assunto para ser apurado, mas o Marcos Valério não tem nada com isso. A surpresa nesse assunto é nossa também", disse.